Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)
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No Dia Mundial do Livro um pouco da pessoa dentro de Pessoa.
Foi o amigo de Fernando Pessoa, Carlos Queiroz, quem, após a sua morte, se referiu pela primeira vez, na revista Presença, às cartas de amor de Pessoa a Ophélia Queiroz (a sua Ibis...).
Há quem diga que este poema foi escrito a pensar nela:
Por trás daquela janela
Por trás daquela janela
Cuja cortina não muda
Coloco a visão daquela
Que a alma em si mesma estuda
No desejo que a revela.
Não tenho falta de amor.
Quem me queira não me falta.
Mas teria outro sabor
Se isso fosse interior
Àquela janela alta.
Porquê? Se eu soubesse, tinha
Tudo o que desejo ter.
Amei outrora a Rainha,
E há sempre na alma minha
Um trono por preencher.
Sempre que posso sonhar,
Sempre que não vejo, ponho
O trono nesse lugar;
Além da cortina é o lar,
Além da janela o sonho.
Assim, passando, entreteço
O artifício do caminho
E um pouco de mim me esqueço
Pois mais nada à vida peço
Do que ser o seu vizinho.
25-12-1930
Ao ler este poema, também nós, um pouco nos esquecemos do nosso ser...
Fontes:
http://arquivopessoa.net/textos/148
"Cartas de Amor a Ophélia Queiroz", organização, posfácio e notas por David Mourão-Ferreira (Janeiro 2009), Editora Ática
Fica o convite à participação no Concurso Literário Natureza.
A Feira do Livro de Lisboa continua a decorrer no Parque Eduardo VII, um antepassado da Rainha Isabel II que hoje nos deixou inesperadamente. Nestes tempos o inesperado, quase sempre mau, parece ser a regra. Que Deus acolha a Rainha.
Um livro que esta edição da Feira nos dá a conhecer, a quem tiver a felicidade de o encontrar, é o livro “A vida secreta das árvores” (Editora Pergaminho), nele, o autor Peter Wohlleben, apresenta o que sabe sobre a vida das árvores e que a maioria de nós ignora. Algo que mais impressiona nesta leitura é mesmo a referência a sentimentos que estes seres vivos supostamente possuem. Esta realidade será clara nas relações entre árvores que se ajudam mutuamente a sobreviver, porque em grupo produzem um ecossistema que as ajuda a sobreviver, evitando os efeitos nocivos do sol em excesso e mantendo uma certa frescura e humidade do ar.
Alguns de nós podem perguntar: mas em qualquer circunstância? Nem por isso. Estas relações são sobretudo visíveis, segundo o autor, em florestas naturais. As árvores ajudam-se também através das raízes e sobretudo as “amigas”. Amigas? Sim, a palavra utilizada pelo autor. E esta relação é secreta como o título do livro? Podem também perguntar. Não se soubermos ler a proximidade física entre elas e sobretudo entre as copas. E assim se ajudam mesmo os indivíduos com mais anos de vida, porque todos são importantes.
No dia de hoje, nestes tempos, esta forma de ver o mundo está muito presente em muitos de nós.
A poesia mostra parte desta necessidade de comunicarmos entre nós, de forma mais próxima e empática.
Por este facto, fica aqui também um poema por Drummond, no livro de Valéria Lopes com o título “Saborosa Língua”, disponível no espaço da Rede Sem Fronteiras, na Feira do Livro de Lisboa.
José
Se você gritasse
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
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