O único poeta da natureza - Fernando Pessoa
Hoje fica aqui um poema de Fernando Pessoa, neste caso Alberto Caeiro.
É muito interessante verificar que o poeta também olhava com especial atenção a natureza, escrevendo, muito possivelmente, com um sentimento de pertença, maior ainda que um sentimento de contemplação.
Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas—a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.
http://arquivopessoa.net/textos/996
Relativamente, ao corona vírus, o melhor será seguir as recomendações da Direção Geral de Saúde ao mesmo tempo que tentamos seguir a vida com normalidade.
Ficando óbvio que é nestes momentos que mais valorizamos a nossa vida e o que de bom temos.
Até breve.