“Lobos, Humanidade e Florestas” Parte I
O lobo é um predador em vias de extinção em muitos locais da Europa. Em Portugal o panorama não é diferente, mas não é só ele que está em vias de desaparecer, são também as comunidades rurais que com eles conviveram durante séculos: as compostas por pastores.
No livro “Malditos histórias de homens e de lobos” de Ricardo J. Rodrigues, jornalista, faz-se um retrato desta relação de amor e ódio, quanto mais ódio quanto mais amor, em terras dos Lusíadas. “Tudo” começa com a oportunidade de ver um covil de uma alcateia no Gerês em local elevado, cercado de arbustos; um misto de mistérios, hormonas da excitação e curiosidade. Tudo como se não se tratasse de um local de chegada, mas sim um marco para uma jornada inesperada. E foi…
Ao viajar na “companhia do lobo”, ou seja, tendo-o na nossa mente, descobrimos que afinal ele é um animal gregário e que toda a alcateia se une para salvar o lobo e loba alfa e sua prol, não vá a comida não chegar para todos e a alcateia desaparecer, vítima da fome. Hoje as autoestradas são verdadeiras muralhas, fronteiras quase intransponíveis que cercam tanto pastores como lobos e tudo isto causa estranheza, pois é como se numa via como esta, apenas interesse o ponto de partida e o ponto de chegada. As comunidades por onde estas passam são retalhadas e a “liberdade” de circulação se tornasse limitada.
Em polos opostos homens e lobos, afinal no mesmo lado… A tal ponto que estes últimos, sente-se, se tornam tanto símbolos de medo como de identidade comum.
Faz agora algum tempo que na TV ouvi a história do último lobisomem, alegadamente morto no Alandroal. Mais do que misticismo ou receio transformado em imaginação, parece que esta proximidade humanidade vs animal fez nascer uma criatura “nova”: realmente fonte de união entre os dois…
Até breve.