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Contos das Estrelas

Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)

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Eça de Queiroz, homenagem e um conto com nostalgia

por talesforlove, em 09.01.25

Boa noite.

Com atraso de um dia… aqui ficam algumas palavras sobre Eça de Queiroz.
Na realidade surge uma homenagem que na prática já havia sido dada pelas pessoas que sempre o leram, mesmo hoje. Nunca foi esquecido e, portanto, tem tido a maior de todas as homenagens. Ainda assim, é um marco que faz todo o sentido. O marco é o Panteão Nacional, sem dúvida.

Em primeiro lugar aqui se partilham alguns links noticiosos:
https://www.publico.pt/2025/01/08/video/quatro-anos-espera-eca-queiroz-panteao-20250108-142524

https://www.publico.pt/2025/01/08/culturaipsilon/reportagem/eca-queiroz-escritor-cabeca-ja-panteao-2118104

Fundação Eça de Queiroz: FEQ.PT
https://feq.pt/pagina-inicial-mobile/

No Brasil Escola:
https://brasilescola.uol.com.br/literatura/eca-queiros.htm

É também fundamental hoje falar do seu último romance: A Cidade e as Serras.
Aqui alguma informação:
https://loja.feq.pt/loja-online/a-cidade-e-as-serras-2/

Aqui a possibilidade de pré-visualizar antes da possível compra.
https://www.google.pt/books/edition/A_Cidade_E_As_Serras/fmV7H60Nof8C?hl=pt-PT&gbpv=0

Hoje, adicionalmente, partilhamos um conto por Hanny Ferreira, no qual podemos encontrar um pouco de Eça. Porquê?! Porque contém alguns detalhes descritivos que lhe conferem detalhe e ao mesmo tempo algum sentimento de nostalgia e beleza.

Além dos traços

Maria observava seu retrato desenhado, riscado de intenção em todos os traços. As marcas limpas do grafite na folha, as curvas e círculos perfeitos, mostravam que nada ali era por acaso, que a figura, traduzida no papel, apareceu a ele como o milagre dos raios de sol, atravessando todo o universo; um clarão, feito de vida, despertando a paixão adormecida. Sua gênese.
O dia, nublado, engolia a luminosidade, e ela, afeiçoada a terra, repercutia em si o clima. Entre as nuvens, tentava discernir os sentimentos ocultos. Um desenho feio. Um desenho mentiroso, pois a mostrava sorrindo dum jeito inocente, submissa ao desenhista. Aquela, não era ela. Planificada na folha, pesava muito, e muda, dizia “sim” para os sonhos do moço. Em vida, foi fruto do acaso, de rabiscos despropositais numa folha de rascunho. Em vida, diria “não”,
estavam em pleno inverno.
Nele, nasciam flores brancas e vermelhas. Cravos e rosas no peito aberto. Apossado de efervescência, queria dar a ela faíscas de si. Cultivariam juntos um jardim mais vermelho, mais branco, mais cor-de-rosa. Para que assim, palavras aladas flutuassem na lacuna entre os dois, na distância azul-claro rodopiassem asas de borboleta.
A desenhou com uma coroa florida, sua princesa encantada. E a escutava como se sua fala fosse feita de néctar. Jovem e corajoso, oferecia sua paixão, esperando, em troca, agradecimentos embalsados de mel. A cena dos dois lábios se grudando para sempre, num eterno equinócio, faziam encher os cravos de pétalas leitosas.
Embriagado, recebeu a ventania. Escondeu a íris, da mesma forma que as montanhas
escondem a lua. Fez-se de desentendido. Veio tempestade, porque Maria baixou o queixo, assistiu as gotas de chuva formando círculos numa poça, depois, levantou o rosto.
Por 1, 2 segundos, esperou água sair de seus olhos. Não veio. Sua frieza superava a do mundo.
Segurou o papel pesado desejando que fosse leve. O devolveu.
A tal coroa, de majestade primavera, caia; e, em seu lugar, despontavam chifres de gelo
pontiagudo.
Disse, enfim, “não”.
Saiu do sobrado, seguiu com passos decididos em direção a neblina.
Ele, segurou o desenho, o amassou.
E, enquanto desaguava torrentes, se encolheu, em soluços, pensando na morte anunciada daquelas milhares de flores.


Até breve.

Luto nacional em Portugal

por talesforlove, em 20.09.24

Este é um poema da Bia, o qual faz parte do seu livro “Alentejo Doce Canto”, em cuja capa podemos apreciar uma pintura em acrílico do seu esposo. Nessa imagem surge uma paisagem do Alentejo, uma planície, e uma ceifeira, a própria Bia.

Este poema apela à coragem e sem dúvida é adequado para uma homenagem a todas as vítimas dos incêndios. Hoje dia de luto nacional.

 

Aqui fica o poema “Coragem” por Bia

 

Coragem de quê

Com tanta promessa

Que coragem essa

E que ninguém vê

 

Coragem quem tem

Ao mundo para dar

Coragem de amar

Que é minha também

 

O que ao mundo falta

É coragem e amor

Onde há tanta dor

Que aos olhos nos salta

 

Coragem de dar

A mão ao amigo

Ouve o que te digo

E vamos falar

 

Mas tenho pressa muita pressa

Tenho mais que fazer

Ou não terei coragem

Para te atender?

 

Eu queria ter coragem

Para te amar meu amigo

Para te ouvir

E sorrir contigo

 

E só sem coragem

No mundo a sofrer

À espera de um dia

Ter coragem de ter

 

Até breve.

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