Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)
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A poesia é mais que um conjunto de palavras, é um misto de perseverança, esperança e imaginário, feito realidade.
E há lugar para tudo nela… Veja-se este poema de "O Guardador de Rebanhos", por Alberto Caeiro (Fernando Pessoa):
[...] Mas a minha tristeza é sossego Porque é natural e justa E é o que deve estar na alma Quando já pensa que existe E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Ainda em um poema de Claudete Soares:
Cabe em mim esse universo de criança,
em que não existe tempo,
as horas se esparram,
caudalosas,
em agitadas travessuras.
Não se esqueçam de ficar em casa ou seguirem as indicações da Organização Mundial de Saúde, por exemplo.
Fica uma música em homenagem a Itália e a todos no mundo que sofrem com o Covid-19, embora o tentemos ignorar em próximas publicações.
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Votos de melhoras a todos e todas que estão em tratamento, incluindo a Boris Johnson que nos visitou logo durante o Brexit e que certamente não teria a mesma atitude de alguns governantes da Holanda, certamente fruto de um momento menos esclarecido, como todos nós podemos ter.
Estamos de regresso e é tão bom. Antes de mais, Votos de um 2020 com Saúde e Paz. A Saúde é essencial em tudo na vida e foi ela que permitiu todo e qualquer trabalho de literatura que alguma vez foi criado e é também verdade que mesmo para a conservação da natureza é necessária uma boa forma física e psíquica de quem a protege. A Paz é também essencial, sem dúvida, mas incrivelmente, mesmo sem Paz ou com uma Paz limitada, em tempos de guerra, surgiram alguns belos trabalhos literários, ou talvez eu minta e tenham surgido “naqueles” breves oásis de Paz, aqueles minutos únicos e preciosos, recheados de tranquilidade. Não interessa, o importante é que 2020 seja um tempo amigo de todos nós.
Este tempo de balanço, desde 15 de Outubro até hoje, permitiu concluir duas coisas muito importantes: 1ª É chegado o tempo de maior ação na conservação do ambiente, porque cada vez são mais visíveis os efeitos da destruição humana, além de ser urgente ”aproveitar a onda positiva” da partilha e construção de pontes humanas que este contexto pode criar; 2º Este blog vai evitar a homenagem a quem morre, tal como se tornou hábito a certa altura da vida deste humilde espaço, pois sente-se a necessidade de reforçar o foco no lado positivo deste mundo, azul, verde, vermelho, com tantas cores e com tanta beleza, independentemente do que possa suceder com todo o seu possível sabor amargo. Pergunto pois se o leitor ou leitora sente o mesmo e se tu, que estás a ler este texto pensas fazer algo de real pelo mundo que nos rodeia. Plantar uma árvore? Reciclar ou reparar aquele equipamento que parece ter chegado ao final da sua vida útil?
Um exemplo de acontecimento “amargo”, são os enormes fogos florestais que consomem a Austrália. A Oceânia (Austrália) é a terra mãe do eucalipto e como Portugal é um dos países do mundo que mais adotou esta árvore, embora não lhe seja nativa, sem dúvida é uma situação que só reforça os ensinamentos já obtidos. Fica o convite a ler e/ou ver estas páginas:
Em dia em que se sabe que mais alguns refugiados morrem no Mar Mediterrâneo, recorda-se, por um lado, o Concurso Literário "Natureza 2018-2019" que se iniciou a 15 de Outubro, e por outro, o nosso papel essencial na proteção do meio ambiente. Quem sabe se ter uma pequena planta no parapeito da janela não poderá fazer a diferença? E aquele pedaço de plástico que não vamos atirar para o chão? Quem sabe se essa pequena ação não evitará no futuro que sejamos nós refugiados ambientais?
Sou todo teu. Ossos, carne, pó. E basta estar ao teu lado, nu Para me não sentir jamais só. Somos assim: pedaço do mundo cru.
E quando um dia morrer... Aceitar-me-ás de novo; teus braços. Feliz estarei por sermos de novo um crer. Renascerei em flor, árvore, em cor, de sóis baços.
Sou teu, é este o meu eterno verde dever. Folha, sol, mar, sal, amanhecer: ser.
On ira écouter Harlem au coin de Manhattan On ira rougir le thé dans les souks à Amman On ira nager dans le lit du fleuve Sénégal Et on verra brûler Bombay sous un feu de Bengale
On ira gratter le ciel en dessous de Kyoto On ira sentir Rio battre au cœur de Janeiro On lèvera nos yeux sur le plafond de la chapelle Sixtine Et on lèvera nos verres dans le café Pouchkine
Oh qu'elle est belle notre chance Aux milles couleurs de l'être humain Mélangées de nos différences A la croisée des destins
Vous êtes les étoiles nous somme l'univers Vous êtes un grain de sable nous sommes le désert Vous êtes mille pages et moi je suis la plume Oh oh oh oh oh oh oh
Vous êtes l'horizon et nous sommes la mer Vous êtes les saisons et nous sommes la terre Vous êtes…
Em Português:
Vamos ouvir a área de Harlem de Manhattan Vamos corar chá nos bazares em Amman Vamos nadar no leito do rio Senegal E vamos queimar em Mumbai sob fogo de Bengala Vamos raspar o céu abaixo de Kyoto Vamos sentir a batida do Rio no coração de Janeiro Vamos levantar os olhos para o teto da Capela Sistina E vamos levantar os nossos copos no café Pushkin Oh quão bonita ela é a nossa oportunidade Mil cores do ser humano Misturando as nossas diferenças Na encruzilhada do destino Vocês são as estrelas Nós somos o mundo Tu és um grão de areia nós somos o deserto Tu és de mil páginas e eu sou a caneta Oh oh oh oh oh oh oh Voçês estão no horizonte e nós somos o mar Vocês são asestações do ano e nós somos a terra Vocês são ...
No topo das árvores, Kiara Brinkman Editorial Estampa (2009), Lisboa, pp. 295
A escritora Kiara Brinkman nasceu em 1979 no Omaha, Nebraska (EUA) e é autora da obra “No topo das árvores” a qual foi muito bem acolhida pela crítica e leitores. Também escreveu pequenos contos, de qualidade assinalável. Viu alguns dos seus contos justificarem o reconhecimento do The Best American Short Stories 2006 (Melhores Contos Americanos de 2006). O livro é o relato, na 1ª pessoa, feito por um rapaz, sensível e poético, portador de Síndrome de Asperger, autismo. Muito cedo, a sua voz começa por descrever-nos, de forma cristalina e tranquila, o mundo que o rodeia, bem como as experiências que este lhe proporciona. No entanto, a partir do momento em que a sua mãe morre inesperadamente, sucedem-se acontecimentos que o forçam a olhar o mundo de renovadamente, sem que tal abale a paz que a sua narrativa nos transmite. A prosa deste romance é leve, lê-se facilmente, sem sobressaltos, mas ensina-nos a ver com os olhos de alguém que pode ser classificável de “diferente”, deixando para trás a suspeita de essa adjectivação poder ser fútil, pois, afinal, todos somos “diferentes”, sem que tal seja taxativamente negativo. Adicionalmente, eventualmente quase subliminarmente, surge a ligação à natureza, que vem à tona, em referências tais como "jardim“, “flores”, “vegetais comestíveis” ou as “copas das árvores”, logo no título. Não é inocente. É como se o protagonista fosse como as árvores: o resultado de uma força mais forte, invisível, dominadora, que “está lá” sem pedir permissão, sem sequer ser digna de questionamento, por ser tão óbvia a inevitabilidade da sua presença. Foi a nossa mãe natureza que criou as árvores e a todos nós. Tem a força do “que é”, sem que possamos duvidar desse facto. Quando morre a mãe do protagonista, todo o rumo da história muda, levando-nos a pensar o que seria se fosse a mãe natureza que apresentasse sintomas de morte. Todavia, a tragédia é retratada com uma proximidade fria e quente, simultaneamente. Quente porque a morte é sentida profundamente no desenrolar dos eventos e fria porque o rapaz continua a sua vida, sofredor, mas inesperadamente vitorioso, quando os sentimentos poderiam ditar desfecho oposto. A prosa deste romance transmite a simplicidade da nossa ligação naturalística, tão evidente quanto o amanhecer, fresco, a cada novo dia. Uma renovada mensagem ecologista e humanista, talvez “eco-humanista”.