Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)
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Sempre que se fala de consumo falamos de utilização e finalmente algum lixo. É importante reciclar, reutilizar e reduzir, uma abordagem que já tem alguns anos. Em épocas em que se oferecem prendas, falamos também de embrulhos, laços e caixas de embalagem. Adicionalmente quando existem em festas se verifica a importância de não deixar comida para deitar fora!
Este ano, este blog apoia a divulgação de um livro que procura criar uma culinária mais inclusiva e que tem uma forte vertente solidária. O criador do conceito é André Mendes, entretanto falecido, com esclerose múltipla.
Convidam-se todas as pessoas a apoiar, na medida do possível, para mais informações existe esta divulgação:
É até estranho falar que existem dentro de mim coisas tão pequeninas.
Elas se ajeitam e fazem tudo acontecer em minhas células.
Sem que eu o sinta, enquanto aqui fora a vida acontece também.
Não, não é simples assim, a meu ver....
Há um conjunto de fatores que transforma esta organela celular em algo importante.
Nesta energia que meu corpo precisa tanto!
Engraçado isto.
Pensei que a energia de que falo fosse fruto de meus pensamentos!
Na verdade, as tais mitocôndrias é que são as baterias do meu viver!
Sim, estes fios granulados , dinâmicos, sempre metabolizando ,
Quebrando carboidratos e ácido graxos geram energia em mim!
Sim! Estão relacionadas com a produção de energia para a célula,
Um processo conhecido como respiração celular.
E, até nos gametas estão, pois garantem sua capacidade de locomoção.
Mas, afinal, e eu? O que sou então?
Nada mais que um indivíduo que cria confusão,
Que cria medo, vingança, ódio e paixão!
Quisera ser mitocôndria no mundo, energia geradora de vida,
No trânsito, no trabalho, em casa, na avenida......
Mas, como qualquer um inserido no contexto social,
Me limito , entre acordar e dormir, a fazer o mal.
Com tanto estrutura em mim ( como lamento),
Não sou capaz de gerar energia para o bem!
Pobre de mim, ser civilizado,
Procurando mitocôndria onde ninguém tem!
Um poema por Regina G. (Brasil)
O silêncio tece o tempo.
Mansos os rebanhos,
plangentes os chocalhos.
A melancolia funde-se com o pó
que se evola do chão.
Esparsa, a sombra dos arvoredos.
Muros de xisto, centenários,
ostentam flores róseas nos silvedos,
anunciando as negras amoras
que aguardam o Verão.
Colho uma.
Tépido, um fio de sangue
desponta na mão.
in Quando o mel escorre nas searas
"IDAI!", por Emerson Zulu (Moçambique)
Porquê devastas a minha terra E me torturas depois de ter sido palco de uma desnecessária guerra Porquê tu matas as cenas? Tu me darás as pernas? Porque os seus ventos fortes À pista do zinco desgovernado, a elas amputaste
E daí se amo ficar a Beira do mar Tinhas é que me atirar por baixo da árvore? Ou lançar sobre mim a parede que jurei erguer para oprimir a minha vergonha!
IDAI! Ainda evocas a fúria das águas Para arrastar os corpos por si estatelados no seu grito de mágoa Veja a minha CHIVEVE, para um passeio já não serve Veja a minha MUNHAVA A sua cumplicidade já não caça o Mbava
IDAI!
Sabes tu o valor de uma vida? Vejo me em dívida! Porque a minha colheita tu e as águas destruíram Como farei então para pagar a dívida que os outros contraíram Te lembraste de ventanejar com força nos bolsos dos políticos Como na maternidade o fizeste?
Sem vergonha…!
Aos mortos mataste continuamente Nem em casa mortuária te convenceste Ao corpos as paredes derrubaste Lá vai o pranto malvado e veloz Exumar as sepulturas Destruir as infra-estruturas E ainda apagar a Luz Para no sombrio envergonhares a nossa espécie
Inundações! Vocês serão a educação para minha geração? Porque nesta noite te fizeste de mansinho para melindrar o meu coração. Acaso devo eu a ti alguma justificação? Veja quão descomunal é o meu aparecimento De que te ergues tu com o nosso sofrimento?
Vai para onde não desabroches mais Vai que a ti mesmo te sufoques da sua fúria Para que a minha nação outra vez sorria.
Um Segundo olhar sobre “Rosa Branca Floresta Negra”
O Livro “Rosa Branca Floresta Negra” também suscita interesse porque tem uma dimensão ecológica que desde logo cativa e envolve, começando pelo seu título que nos dá uma pista sobre a sua apologia implícita de defesa da natureza, que nos embala ao longo das nossas vidas tal qual ao longo desta história. É verdade que, aquando da instrução militar dada a John, o aviador norte-americano caído na Floresta Negra, se refere que a natureza tanto nos pode ajudar como voltar-se contra nós e por isso devemos estar sempre atentos, e também é verdade que se nomeia a guerra como um “animal feroz”, mas é a esta natureza em parte “neutra” em parte “benévola” que devemos as nossas vidas.
A Rosa Branca não é aqui apenas um nome puramente estético, cativo da beleza que nomeia, nem sequer unicamente um símbolo no contexto histórico das vivências que a autora nos propõe no decorrer temporal desta obra. É muito mais que isto, é mesmo algo intemporal. Na Antiguidade, era uma flor consagrada a deusas da mitologia, como Afrodite, a deusa Grega do amor, que seria Vénus para os Romanos. Afrodite teria nascido da espuma do mar e esta tomou a forma de uma rosa branca, significando pureza e inocência. Mais tarde, durante a Idade Média, a rosa, independentemente da sua cor, ao ser colocada no teto da sala de reuniões significaria o segredo relativo a tudo o que ali fosse falado. Atualmente, pode significar charme, humildade, pureza, verdade, segredo, jovialidade, sendo para a Igreja, símbolo da Virgem Maria. Sem que seja revelado o porquê de termos Rosa Branca no título do livro, podemos já tentar adivinhar o motivo e acreditar que ele é positivo. Todavia, não o revelarei aqui.
A Floresta Negra deve o seu nome ao verde-escuro dos seus pinheiros, o qual não evita a beleza da sua paisagem, garante quem a já visitou pessoalmente, e não emocionalmente, como a maioria de nós. Trata-se de um local com mística e inspirador de alguns contos tradicionais muito antigos. Esta floresta, em pleno Inverno, não irá dar alimento a Franka e John, mas sim abrigo, ou seja, permite-lhes preservar a vida e mesmo a neve e o gelo ajudam a camuflar a sua existência vulnerável e quase invisível. E esta observação é mesmo assim, porque, este não é um livro que se pretenda afastar da realidade; é a própria autora que logo no início nos diz que a narrativa é inspirada em acontecimentos reais, embora alguns factos e datas tenham sido alterados em seu benefício.
Assim, seres vivos como a rosa e os pinheiros da floresta, são elementos fundamentais desta história, por vezes mais aventura, por vezes mais romance. Biologicamente são-nos complementares, pois libertam o oxigénio que nós “consumimos” e consomem o dióxido de carbono que nós “produzimos”. Emocionalmente são-nos benéficos, na medida em que nos amparam nos momentos de maior debilidade, caso tenhamos a oportunidade ou bênção de os ver. Nesta obra, homens e plantas surgem num mesmo contexto histórico, ao mesmo nível de reflexão e esperança num futuro de paz e serenidade. A confiança entre estranhos e entre homens e natureza, em tempos de guerra, é também central neste livro, e a sua construção surge de forma gradual, tal qual o fim do Inverno e das neves, e é por tudo isto que este livro, na sua simplicidade e profundidade, se revela fascinante.