Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)
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Há mais marés que marinheiros, tal qual há mais interpretações possíveis para este poema… feito de uma baleia, baleias em sonho, pedaços de vidas, recortes de imaginários, esperanças e fonemas.
Existe uma baleia feita de esperança, a qual dá à costa e ilumina as vidas de gentes quase despidas dessa mesma esperança… Desprevenidas, aperceberam-se, então, que a sua mãe natureza já os e as havia dotado dos instrumentos físicos e mentais, para aproveitar tudo o que ali se encontrava à mão, para construir um futuro melhor.
A nossa mãe natureza é tal qual um canivete Suíço, contém em si todos os caminhos do universo, desde os abismos marítimos até à vizinhança de Cassiopeia. Resta-nos “olhar e estar de acordo” tal como no poema Girassol de Ricardo Reis. Afinal, ser uma pessoa é também ser natureza, nada somos sem que ela nos permita. Por decreto? Por regulamento? Não, quase determinismo inicial. Nós somos ela e ela somos nós. Ela domina-nos como a uma mão protetora que nos impõe obstáculos para que os possamos contornar, aprender, comunicando melhor, tornando-nos mais humanos. Que tal seja algo positivo.
A pobreza das gentes deste porto marítimo de 1976 é aquela material, permitissem-lhes, dessem-lhes, os mesmos caminhos e rapidamente se tornariam tão cintilantes quanto os outros “não pobres”.
Estas letras e palavras contam-nos como aquele estado de encantamento perante o mar se, por um lado, tolhe os movimentos, por outro, faz crescer a cana de pesca das ideias ou dos sonhos, nas palavras de Augusto Curry. Sim. Existe sempre uma réstia de sol que escapa por entre as nuvens, até que ilumine, com a sua energia, um qualquer óleo balear que irá aportar algures nas vidas de alguém. Tal qual um voltar de página, um salpico de letras sobre as areias depositadas pelas ondas, sempre maiores que quem quer que seja que as tente domar. E sim existe uma magia única a cada bater de uma barbatana de baleia que, azul, percorre os sete mares, sempre com uma aventura diferente, tal como fossem possíveis analogias com as viagens pelas sete colinas de Lisboa.
Entretanto, e porque a música se impõe, talvez pela luz da primavera, uma versão de "O Fado Português", pela I Maresias - TunaMaria.
Este é um dia das nossas vidas marcado pela esperança de superar uma pandemia que nos deixa coartados nas nossas liberdades e nos faz entender até que ponto dependemos uns dos outros e nos comportamos de forma cívica e responsável.
Mais um dia em que as pessoas de idade mais avançada, esses livros sem palavras escritas mas com muito conteúdo, estão dependentes daqueles e daquelas a quem deram a vida. E é também aquele dia em que Leonardo DiCaprio é notícia por defender a criação de um fundo para apoiar a Floresta Amazónica, as suas árvores, os seus animais, todos os seus seres vivos, e ainda os que os protegem, ou seja, também os Povos indígenas locais.
Não deixam de ser sempre pertinentes as palavras do Sr António Guterres (ONU) que apela ao combate ao Covid-19 e às alterações climáticas… Vejam-se os seguintes links:
Os fogos em Portugal, os fogos e os céus tingidos de vermelho na Califórnia e em geral as tragédias ambientais pelo mundo, tanto o sublinham.
E este ano, a Feira do Livro de Lisboa, continua a dar um ar da sua graça ou melhor, vários ares das suas graças; pessoas precavidas, saber e sonhos empacotados em livros, e mais olhares que sorrisos, menos papel publicitário e mais ambiente, mais um passo em frente. Afinal, a Feira é uma sobrevivente, nasceu no pós-gripe Espanhola… e talvez por isso a sua vida ao livre nos cative tanto, por agora. “Recheia-nos” com dias melhores, os de agora e os do futuro, esse sempre desconhecido, sempre além da esquina, por muito volúvel e insegura que ela seja.
E mesmo aquele momento, em que aqui vos testemunho ter visto um escritor conhecido amparado por familiares, ali mesmo a tentar visitar aquela Feira, a sua Feira, é algo que agora me faz sentir feliz, pelo simbolismo que tem, ainda que recheado de aparente fragilidade.
Fica, portanto, uma canção para todos e todas que me elevam e a todos e todas quantos alimentam este blog, feito de literatura e natureza.
Por estes dias decorre a Feira do Livro de Lisboa e que alegria que decorra. Nos anos anteriores, poderemos dizer desde sempre… este evento foi um símbolo de magia nas nossas vidas, nós que adoramos alguns livros (não todos) como uma Princesa no topo da sua torre de sonhos inalcançáveis, como algumas poetisas Portuguesas do passado nos poderiam sugerir. Relembro, como se fosse uma lembrança trazida pelo vento que nos parece ser um mensageiro do passado, aquelas noites de verão em que as pessoas passeavam despreocupadas de banca em banca, com uma calma quase a roçar o desdém por alguém ali ao lado, fosse qual fosse a sua condição, e agora percebo que isso era só tranquilidade, como se existisse ainda um amanhã garantido e um pouco depois sempre fiel e sempre real, mesmo ali, naquele momento, naquele presente, verdadeiramente como um presente, que poderíamos desembrulhar a cada momento, qual dádiva sempre certa nas nossas vidas.
A cada noite, com um pouco de sorte, um pouco de perfume de jacarandá, a emprestar um pouco de exotismo e daquele azul em pólen refeito. Um cosmopolitismo que ali se edificava a cada momento e que se perfumava ainda com uma bela sardinha no prato, num Junho de Santos Populares. Ah! E aquela noite de Santo António com uma “procissão” de casados de Santo António a passear-se por aquela noite feita de livros, sonhos, comes e bebes, turistas, alegria quase eterna, negócios feitos, novos autores, literatura e quase literatura, técnica e construções por edificar.
As festas entre flores feitas de papel e Marchas Populares novas, renovadas e trazidas do passado afinal tão presente por ali, por todo o lado, nos nossos corações alfacinhas e forasteiros. Até parecia que o entardecer, cor de melão maduro, da Lisboa da Rua do Alecrim nos tomava por inteiro, num sabor a eterna juventude, eterna ilusão. E para rematar tudo isto, um sentimento de musicalidade vindo da Rua das Janelas Verdes, Lar da Madona, sim da Nossa Madona, que nos trazia esse sentimento de recentramento do mundo na nossa capital, como um crer capital no ser-se positivo e realisticamente vencedores.
E ali para os lados da Rua da Politécnica, ainda o nosso rasto, num passeio mesmo antes da Feira do Livro, sim porque literatura é vida, é crer, é imaginar mas é também técnica, é também ecologia. O Jardim do Museu de História Natural e o por do sol, por ali mais cor torrada leve, com as suas árvores centenárias e testemunhas de outros verões e outras pandemias, permitindo-nos relativizar tudo e manter os olhos no futuro que ai vem, mais esclarecido e marcado por um novo olhar mais inseguro e mais humilde.
Estes dias de Feira do Livro são dias de passeio com amigos, convívio e paz, nem que sejam com moderação e como recordação. “Viver é já vencer” eis a nossa nova crença e a nossa força para cada passo.
Ao fundo, como tantas vezes referido, o Tejo, com as suas águas tantas vezes reluzentes, a convidar o nosso olhar para o Oceano sempre lá, como marco gigantesco dos limites de todos nós como seres humanos, que nos inunde de sede de viver e nos faça agarrar a vida com as duas mãos e com todo o nosso sorriso.
Ali ao lado, do Parque Eduardo VII, fica o Jardim Botânico de Lisboa, com as suas pequenas paisagens tão… simplesmente, bonitas. No passado as estrelas cadentes davam direito a um desejo, e por ali, uma bela noite, uma estrela passou, e alguém desejou mais saúde, quero imaginar, e foi-lhe concedida. Cada árvore transformou-se numa testemunha desse momento e consta, imagino, que a cada noite segredam entre si, aquelas noites do passado agora se refazem e de novo podem trazer tudo o que queremos.
Ao passar por ali, um transeunte mais distraído, viu tudo e deteve-se por momentos. Os seus passos lentos, quase em desespero, reganharam ânimo. O céu daquela noite era todo feito de estrelas, quase sem luzes artificiais e assim, aquela abóbada de esperança se abateu sobre ambos. Os aviões também não rasgavam os céus e assim era a humanidade, de novo, mais carne, osso, sentimento que máquina e nadas. Uma noite de amor pela humanidade e uma tranquilidade em comunhão com aqueles seres sem sistema nervoso mas com sentir que não podemos explicar: as árvores, as plantas daquele jardim.
Depois com o nascer do sol, o acordeão e alguém a cantar enquanto outros comiam o pão feito pelos padeiros e padeiras daquela noite, a trabalhar para todos poderem viver e sorrir. Sim, porque na Pandemia do início do Século XX, também havia medo, esperança e alegria, pois que a coragem era ainda maior naqueles tempos.
Hoje, de novo na Feira do Livro, será tão melhor olhar para o social do evento e aqueles momentos de diversão mesmo que a comer uma qualquer sandes que ali seja vendida. Alguma música é tão importante para nos alegrar e fazer voltar a desejar ler um livro ou simplesmente olhar para uma capa e imaginar o que lá vai dentro.
Sonhar é acreditar e acreditar é esperar o melhor, mesmo enquanto o pião não volta a rodar despreocupado. Mas que importa……. Vou mergulhar nas águas geladas do mar de Carcavelos e aguardar mais um final de dia ardente de verão.
De facto, com a pandemia a natureza conseguiu respirar em Lisboa e uma eventual prova dessa realidade, é o facto de os animais eventualmente procriarem mais esta Primavera. Vejam-se os patos pequenos e os seus pais, logo nesta primeira fotografia!
Já podemos notar algumas pessoas no local e alguma descontração.
Hoje, fica aqui uma música (muito) calma: "Madrigal"
Fica a informação que a Feira do Livro de Lisboa será em finais de Agosto e inícios de Setembro. Podem confirmar em: www.apel.pt
Partilhamos um poema de Jorge de Sena "Uma pequenina luz"
Uma pequenina luz bruxuleante Não na distância brilhando no extremo da estrada Aqui no meio de nós e a multidão em volta Une toute petite lumière Just a little light Una picolla, em todas as línguas do mundo
Uma pequena luz bruxuleante Brilhando incerta mas brilhando aqui no meio de nós Entre o bafo quente da multidão A ventania dos cerros e a brisa dos mares E o sopro azedo dos que a não vêem Só a adivinham e raivosamente assopram
Uma pequena luz, que vacila exacta Que bruxuleia firme, que não ilumina, apenas brilha Chamaram-lhe voz ouviram-na, e é muda Muda como a exactidão, como a firmeza, como a justiça Brilhando indeflectível Silenciosa não crepita Não consome não custa dinheiro Não é ela que custa dinheiro Não aquece também os que de frio se juntam Não ilumina também os rostos que se curvam Apenas brilha, bruxuleia ondeia Indefectível, próxima dourada
Tudo é incerto, ou falso, ou violento: Brilha Tudo é terror, vaidade, orgulho, teimosia: Brilha Tudo é pensamento, realidade, sensação, saber: Brilha Desde sempre, ou desde nunca, para sempre ou não: Brilha
Uma pequenina luz bruxuleante e muda Como a exactidão como a firmeza, como a justiça Apenas como elas Mas brilha Não na distância. Aqui No meio de nós Brilha
Como um pedaço de vida perdida, que não podemos recuperar... Assim é o Natal 2019 em todos nós. Não é só em Lisboa, como na foto "tremida" que aqui vos deixo, mas em todo o lado.
Enquanto que em alguns pontos do país e do mundo, a tragédia do Covid-19 é ignorada, como se não existisse, ficam nos limites dos nossos medos (ou da minha esperança ?!) as possibilidades de termos outro Natal assim este ano.
Como era tão bom e não pudemos reconhecer... quanto tempo perdido com "nadas".