Bombeiros, Estrela, Gardunha, Margaraça e um conto
Boa noite.
Hoje, devido à situação catastrófica dos incêndios em Portugal, a publicação centra-se nesta temática. Em Unhais da Serra (Covilhã) e não só, continuam a viver-se momentos de pânico. Não serão dados detalhes de sofrimento aqui.
Em primeiro lugar apresentamos a Plataforma Centralizada de Ajuda aos Bombeiros, para se poder ajudar os Bombeiros. Em segundo lugar podemos salientar o Intervenção e Resgate Animal, que muito se tem empenhado em salvar animais. Em terceiro lugar apresentam-se dados sobre três áreas protegidas: (i) Parque Natural da Serra da Estrela; (ii) Serra da Gardunha; e (iii) Mata da Margaraça.
Em quarto lugar, apresentamos um conto, em homenagem a todos quantos sofreram com os incêndios em Portugal, até este momento.
No seguinte local da internet, podemos encontrar informação sobre como ajudar os Bombeiros:
Plataforma Centralizada de Ajuda aos Bombeiros
https://www.ajudarosbombeiros.pt
Aqui, podemos encontrar informação sobre o IRA:
IRA – Intervenção e Resgate Animal
https://nira.pt
Seguidamente, duas páginas sobre o Parque Natural da Serra da Estrela sendo que se trata de um olhar em parte sobre o passado, devido à destruição entretanto ocorrida:
ICNF Parque Natural da Serra da Estrela
https://www.icnf.pt/conservacao/rnapareasprotegidas/parquesnaturais/pnserradaestrela
NATURAL.PT Parque Natural da Serra da Estrela
https://natural.pt/protected-areas/parque-natural-serra-estrela?locale=pt
A Serra da Gardunha também é uma área com muita beleza, que vale a pena olhar com atenção:
https://turismodocentro.pt/poi/serra-da-gardunha-rede-natura-2000/
https://www.aldeiasdoxisto.pt/pt/xistopedia/serra-da-gardunha/
Também a Mata da Margaraça, no Conselho de Arganil, contém espécies muito interessantes de conhecer:
Mata da Margaraça guarda relíquias da floresta primitiva
https://florestas.pt/descobrir/mata-da-margaraca-guarda-reliquias-da-floresta-primitiva/
Mata da Margaraça
https://www.aldeiasdoxisto.pt/pt/xistopedia/mata-da-margaraca/
Todavia, convém verificar o que realmente sucedeu neste local. Vejam-se por exemplo, os comentários na Plataforma em Defesa das Árvores:
Plataforma em Defesa das Árvores
"Mata da Margaraça arde"
https://www.facebook.com/groups/emdefesadasarvores/posts/4030643863868351/
Finalmente, um conto pleno de magia e mistério, tal como eram alguns dos locais agora devastados. O futuro irá regenerar-se. Fica este olhar inesperadamente tão próximo.
O CORAÇÃO NA GARGANTA DO LOBO, por Thaise N. (Brasil)
Dizia-se que havia um lobo nas montanhas. Um só. O último.
Ninguém o via, mas todos juravam tê-lo escutado uivando nas noites de vento.
Elisabete caminhava até o alto do morro toda quarta-feira. Levara um ano inteiro para domar o caminho íngreme, feito de pedra solta e mato alto, mas agora o fazia com leveza, como quem já aprendeu o compasso da trilha. Sempre deixava algo: uma maçã, uma vela acesa dentro de um vidro, um poema enrolado com barbante e papel pardo. Dizia que era para o lobo, mas ninguém acreditava.
— Você é boba, Elisabete. Lobos não comem poesia. — dizia seu irmão.
Talvez comessem.
Na verdade, ela também não acreditava. Era só um jeito de continuar amando sem ter onde colocar esse amor. Desde que o cão dela, Bóris, sumira, a casa parecia menor e mais fria. Ele fora visto pela última vez correndo em direção às montanhas, como se obedecesse a um chamado. Como se algo o puxasse de volta a uma origem mais antiga. Elisabete sentiu que não devia impedir.
Agora, toda quarta-feira, ela deixava algo para o lobo — ou para Bóris. Às vezes, era difícil separar os dois.
Naquela noite, chovia. Mas Elisabete subiu mesmo assim. Queria deixar um osso de tutano, o tipo que Bóris roía por horas, gemendo de prazer canino. Quando chegou ao topo, ofegante e encharcada, parou de súbito.
O pote com a maçã da semana passada estava virado. Vazio. O vidro com ração, partido em cacos. E no centro, sobre uma pedra, algo novo: um colar de couro com uma medalhinha. O nome “Bóris” gravado.
Seu coração disparou.
Não houve tempo para racionalizar. Um uivo cortou o ar. Vinha de perto. Muito perto.
Ela girou nos calcanhares. Um vulto cinzento surgiu entre as árvores. Era grande demais para ser só um cão. Mas havia nos olhos dele um brilho familiar. Ela sussurrou, trêmula:
— Bóris?
O bicho parou. E baixou a cabeça. Como ele fazia quando se aproximava do sofá, culpado por mastigar as pantufas. Ela estendeu a mão. Ele deu um passo. Dois. E então, algo dentro dela estalou. Um reconhecimento primitivo, que ultrapassa nome ou espécie.
Mas no momento em que o tocou, houve um clarão. Um trovão. O mundo pareceu virar do avesso.
Quando acordou, estava deitada na relva. O céu clareava com a alvorada. Mas havia algo errado.
Muito errado.
Tentou se erguer — não conseguiu. Suas patas tremiam. Patas? Tentou gritar, mas só um rosnado escapou. Correu para o espelho de uma poça formada pela chuva. O que viu não era humano.
Era um lobo.
Ou um cão. Ou algo entre os dois. Nos olhos, porém, havia humanidade. Havia ela.
E, a poucos metros, ali estava seu próprio corpo, em pé. Alguém o habitava agora. Ele a olhou com olhos que antes eram de Bóris. Sorriu com os lábios dela.
— Obrigado por me deixar voltar, Elisabete.
Então ele — ela — virou-se e desceu a trilha com o corpo dela, firme, como quem aprendeu o compasso do caminho.
Dizem que há dois lobos nas montanhas agora.
Um grande e cinzento, que uiva para a lua.
E outro menor, que caminha ao lado, com um colar de medalhinha no pescoço.
Aqui fica o endereço da App Estarolas (Android – gratuita):
https://play.google.com/store/apps/details?id=pt.isel.stooges&pli=1
Vica um convite à escrita sobre a Natureza, pois continua a decorrer o Concurso Literário Natureza:
https://contosdasestrelas.blogs.sapo.pt/concurso-literario-internacional-193354
Até breve.

