Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)
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Esta sombra encarnada de sangue agarrada aos passos desta gente é agora sofrimento bumerangue um vai e vem da dor que se sente
É sofrimento do tamanho do céu caído nas cinzas que se respiram cobrindo as almas com um véu dos corpos que daqui partiram
E é de lavaredas este interior terra acesas no peito dos que a sentem gritos ouvidos dos vales até à serra na suplica a Deus que os afugentem
Aí fogo queimado para sempre aceso aí chuva semente de sangue corrente trás tu a liberdade a este povo preso ao trauma do corpo e de alma doente
E que de ti se construa nova esperança levantando a sombra que lhe dá o corpo renascida natureza que o sentir alcança sol e terra semente de vida pelo morto
E que dessa dor de incêndio profundo se salvem as grandes pedras brancas como pombas de esperança no mundo fechando as portas da dor com trancas
Num dia em que arde Portugal continental, o norte de Espanha, a Califórnia e várias regiões da Austrália, em Portugal, em particular, aguarda-se a chegada do furacão Ophélia como uma grande esperança para o fim deste inferno de chamas.
Tanto quanto se sabe, a única namorada de Fernando Pessoa foi Ophélia Queiroz.
Fica aqui um poema que ele lhe dedicou:
Quando passo um dia inteiro
Sem ver o meu amorzinho
Cobre-me um frio de Janeiro
No Junho do meu carinho
Fonte: página 30 de
"Cartas de Amor a Ophélia Queiroz" por Fernando Pessoa (2009), com organização, postfácio e notas de David Mourão-Ferreira, Lisboa, Editora Ática, pp. 168
Nem que fosse apenas para conhecer esta obra já valeria a pena ir à Feira do Livro de Lisboa de 2017.
Foi a 17 de Junho de 2017 que faleceram 64 pessoas diretamente devido ao enorme e cruel fogo em Pedrógão, o qual se ficou a dever às condições climatéricas desfavoráveis... mas não só. Não podemos esquecer estas pessoas e no futuro não pode ser colocado de parte todo o trabalho responsável e necessário, que exige a necessidade de evitar novas situações como esta. Estas duas sugestões são em memória e como apoio a todos os que sofrem com os fogos em Portugal.
1a - A criação de bocas de incêndio em locais estratégicos de algumas aldeias;
2a - Cativar o voluntariado nacional para apoio nos locais afetados. Por exemplo, para a reflorestação ou apoio a pessoas mais idosas.
Um blog que se diz de literatura e promove um concurso literário sobre “natureza” não pode deixar de tomar nota da tragédia do fogo de Pedrógão Grande e Concelhos Vizinhos, em Portugal. Era bem melhor que nada tivesse acontecido mas há que dar uma palavra de apoio às pessoas afectadas e seus familiares. O fogo tem estado à solta e indomável... Neste blog apresentamos sugestões e não uma solução, só se saberia se seria realmente uma solução se pelo menos em parte fosse testada...
A primeira sugestão:
Transformar a “estrada da morte” em “estrada da nossa esperança” através do escrupuloso cumprimento da Lei Florestal em ambos os lados da estrada, mas se a Lei em si mesma for insuficiente então que se altere atendendo ao que sucedeu. A limpeza das duas margens da estrada deveria ser no mínimo de 20 metros implicando pelo menos a redução da densidade das árvores e, porque não, apoio do Estado aos particulares. A criação de locais de repouso em ambos os lados da estrada, de forma espaçada, recorrendo a atividades úteis como por exemplo, a criação de um parque eólico ao longo da estrada ainda que o seu rendimento não seja o mais desejado... Porque não estudar forma de melhorar esse desempenho atendendo a que em estradas como esta se assiste frequentemente a situações de fuga a fogos? Não valerá a pena o estudo e o custo atendendo a que as vidas humanas valem muitíssimo mais?
Afinal a própria energia elétrica gerada poderá ser usada para um sistema de monitorização remota das estradas da região. A existência das torres e do respetivo parque, poderá criar, só por si, uma área envolvente sem floresta densa e com locais de resguardo para quem passa nesta via (e outras). Trata-se, eventualmente uma sinergia ... Quaisquer ideias ou sugestões que surjam para evitar esta situação no futuro só podem ser úteis se forem de facto implementadas e seria interessante verificar em que se fala em Portugal no próximo dia 17 de Julho, apenas um mês depois da tragédia da enorme perda de vidas humanas... e depois a 17 de Agosto, e sucessivamente, pois de facto neste contexto há que estabelecer objetivos e marcos no tempo para verificar o que se tem feito... No próximo texto uma próxima sugestão...
Parte de um poema por Tomás Ribeiro, poeta que influenciou Cesário Verde:
Meu Adelino, os anos d’alegria
que nós passámos nesta pobre terra
ora em sonhos de d’ardente fantasia,
ora a caçar co’s nossos cães na serra,
ora a pescar nas presas do Pavia
ora a talhar do mundo... a paz e a guerra,
saudades te farão decerto, amigo!
Eu tenho imensas desse tempo antigo!
Da peça de teatro A delfina do Mal, de 1868, citada em Mónica, M. (2007), “Cesário Verde: um génio ignorado”, Aletheia Editores, Lisboa, pp. 169 (poema na página 108)
Em breve um novo texto sobre a Feira do Livro e o Fogo...