Terceiros classificados do Concurso Natureza
Hoje, pese embora o impacto mediático dos fogos florestais na Grécia, e o pequeno grande susto em Cascais, ficam ainda os terceiros lugares do nosso Concurso Literário. Que sejam responsáveis por momentos descontraídos e de paz.
3ºs Lugares, em empate.
Miragem /Fata Morgana, por Alberto Arecchi (Itália)
MIRAGEM (versão Portuguesa de Fata Morgana, em Italiano)
Venho do mundo da Fada Morgana,
onde a água do Aspromonte
desce ao mar em cem rios
desde os bosques de abeto e faia.
Meu mar é como um grande rio,
uma corrente que sobe e desce
quatro vezes no dia
acima do redemoinho
profundo de Charybdis,
onde antigas sereias cantam.
No horizonte do mar
torres aparecem
e cidades fantasmas.
Longe ao sol do meio-dia
a alta pluma do vulcão Mongibello
e os fogos que à noite
flamejam de seu topo,
para lembrar que a natureza
nunca foi domesticada.
A terra treme, o vulcão ruge.
O espírito da primavera
paira entre os ramos dos pessegueiros
e mil fadas brilhantes
esvoaçam em torno das flores.
Têm asas multicoloridas,
brilham como as estrelas
em uma noite mágica
em meio ao chilrear dos grilos.
Encantamento de uma noite sem idade,
noite de lua nova,
sem a luz da lua,
iluminada pelas estrelas
e pelos espíritos da natureza.
No vento e no sol,
flores de limão em árvores,
agaves floridos e figueiras-da-Índia,
as rosas do jardim de minha mãe,
os cardumes de sauro,
os outros peixes do Estreito,
os pássaros, as rãs nos riachos,
como há tantos anos…
as raposas, os javalis, os lobos
do Aspromonte.
FATA MORGANA (versão original Italiana do poema Miragem)
Vengo dal mondo della Fata Morgana,
dove l’acqua dell’Aspromonte
scende al mare in cento fiumare
dalle abetaie e dalle faggete.
Il mio mare è come un grande fiume,
una corrente che sale e che scende
per quattro volte al giorno
sopra il gorgo profondo di Cariddi,
ove cantano antiche sirene.
Sull’orizzonte del mare
compaiono torri
e città di fantasmi.
Lontano, nel sole del mezzogiorno,
l’alto pennacchio del Mongibello
e i fuochi che di notte
lampeggiano dalla sua cima,
a ricordare che la natura
non è mai stata domata.
La terra trema, il vulcano brontola.
Lo spirito della primavera
aleggia tra i rami dei peschi
e mille fatine brillanti
svolazzano intorno ai fiori.
Hanno ali multicolori,
risplendono come le stelle
in una notte d’incanto
tra il frinire dei grilli.
Incanto d’una notte senza età,
notte di luna nuova,
priva della luce della luna,
rischiarata dalle stelle
e dagli spiriti della natura.
Nel vento e nel sole,
fiori di limone sugli alberi,
agavi in fiore e fichi d’India,
le rose del giardino di mia madre,
i banchi di costardelle,
gli altri pesci dello Stretto,
gli uccelli, le rane nei ruscelli,
come tanti anni fa…
le volpi, i cinghiali, i lupi
dell’Aspromonte.
Sobre este poema: um belo e místico olhar sobre o ser mais íntimo e selvagem da nossa mãe natureza.
Progresso, por Suzane Oliveira (Brasil)
Peixes no lago,
Que vastidão!
Céu, floresta, água,
Animais em comunhão.
Peixes no lago,
Que multidão!
Serras, redes, fábricas,
Homens em ação.
Peixes no lago,
Que poluição!
Ar, terra, água,
Animais em extinção.
Peixes no lago,
Que aberração!
Dejetos tóxicos,
Água em podridão...
Peixes no lago?
Que destruição!
Morte por todo lado,
Homens sem coração...
Sobre este poema: um questionar acutilante sobre a ação humana e as suas consequências. Podemos, tal qual a autora, questionar: dejetos tóxicos ou reutilização? drones para matar ou drones para matar? peixes no lago ou na nossa imaginação poluída?
Mar, por Luciane Almeida (Brasil)
Mergulhei no mar dos teus olhos
Envoltos em mistérios,
Atrevi-me a desvendar
Será que nas ondas da tua alma
Um dia eu poderei navegar?
Nesse mar de emoções
Às vezes calmaria, em outras ventanias
Será que eu poderia
Em teu porto ancorar?
Tão certo como o sol nasce
E se põe a beira-mar
Eu poderei partir,
Mas voltarei para te encontrar
Sobre este poema: aproveita a porta de entrada que são os nossos olhos, para se perder em sentimentos que mais parecem parte de uma autobiografia, feita nos mares da alma de outro ser humano.
Até breve.