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Contos das Estrelas

Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)

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Terceiros classificados do Concurso Natureza

por talesforlove, em 28.07.23

Hoje, pese embora o impacto mediático dos fogos florestais na Grécia, e o pequeno grande susto em Cascais, ficam ainda os terceiros lugares do nosso Concurso Literário. Que sejam responsáveis por momentos descontraídos e de paz.

 

3ºs Lugares, em empate.

 

Miragem /Fata Morgana, por Alberto Arecchi (Itália)

 

MIRAGEM (versão Portuguesa de Fata Morgana, em Italiano)

 

Venho do mundo da Fada Morgana,

onde a água do Aspromonte

desce ao mar em cem rios

desde os bosques de abeto e faia.

Meu mar é como um grande rio,

uma corrente que sobe e desce

quatro vezes no dia

acima do redemoinho

profundo de Charybdis,

onde antigas sereias cantam.

No horizonte do mar

torres aparecem

e cidades fantasmas.

Longe ao sol do meio-dia

a alta pluma do vulcão Mongibello

e os fogos que à noite

flamejam de seu topo,

para lembrar que a natureza

nunca foi domesticada.

A terra treme, o vulcão ruge.

O espírito da primavera

paira entre os ramos dos pessegueiros

e mil fadas brilhantes

esvoaçam em torno das flores.

Têm asas multicoloridas,

brilham como as estrelas

em uma noite mágica

em meio ao chilrear dos grilos.

Encantamento de uma noite sem idade,

noite de lua nova,

sem a luz da lua,

iluminada pelas estrelas

e pelos espíritos da natureza.

No vento e no sol,

flores de limão em árvores,

agaves floridos e figueiras-da-Índia,

as rosas do jardim de minha mãe,

os cardumes de sauro,

os outros peixes do Estreito,

os pássaros, as rãs nos riachos,

como há tantos anos…

as raposas, os javalis, os lobos

do Aspromonte.

 

 

FATA MORGANA (versão original Italiana do poema Miragem)

 

Vengo dal mondo della Fata Morgana,

dove l’acqua dell’Aspromonte

scende al mare in cento fiumare

dalle abetaie e dalle faggete.

Il mio mare è come un grande fiume,

una corrente che sale e che scende

per quattro volte al giorno

sopra il gorgo profondo di Cariddi,

ove cantano antiche sirene.

Sull’orizzonte del mare

compaiono torri

e città di fantasmi.

Lontano, nel sole del mezzogiorno,

l’alto pennacchio del Mongibello

e i fuochi che di notte

lampeggiano dalla sua cima,

a ricordare che la natura

non è mai stata domata.

La terra trema, il vulcano brontola.

Lo spirito della primavera

aleggia tra i rami dei peschi

e mille fatine brillanti

svolazzano intorno ai fiori.

Hanno ali multicolori,

risplendono come le stelle

in una notte d’incanto

tra il frinire dei grilli.

Incanto d’una notte senza età,

notte di luna nuova,

priva della luce della luna,

rischiarata dalle stelle

e dagli spiriti della natura.

Nel vento e nel sole,

fiori di limone sugli alberi,

agavi in fiore e fichi d’India,

le rose del giardino di mia madre,

i banchi di costardelle,

 gli altri pesci dello Stretto,

gli uccelli, le rane nei ruscelli,

come tanti anni fa…

le volpi, i cinghiali, i lupi

dell’Aspromonte.

 

Sobre este poema: um belo e místico olhar sobre o ser mais íntimo e selvagem da nossa mãe natureza.

 

 

Progresso, por Suzane Oliveira (Brasil)

 

Peixes no lago,

Que vastidão!

Céu, floresta, água,

Animais em comunhão.

 

Peixes no lago,

Que multidão!

Serras, redes, fábricas,

Homens em ação.

 

Peixes no lago,

Que poluição!

Ar, terra, água,

Animais em extinção.

 

Peixes no lago,

Que aberração!

Dejetos tóxicos,

Água em podridão...

 

Peixes no lago?

Que destruição!

Morte por todo lado,

Homens sem coração...

 

Sobre este poema: um questionar acutilante sobre a ação humana e as suas consequências. Podemos, tal qual a autora, questionar: dejetos tóxicos ou reutilização? drones para matar ou drones para matar? peixes no lago ou na nossa imaginação poluída?

 

 

 

Mar, por Luciane Almeida (Brasil)

 

Mergulhei no mar dos teus olhos

Envoltos em mistérios,

Atrevi-me a desvendar

Será que nas ondas da tua alma

Um dia eu poderei navegar?

Nesse mar de emoções

Às vezes calmaria, em outras ventanias

Será que eu poderia

Em teu porto ancorar?

Tão certo como o sol nasce

E se põe a beira-mar

Eu poderei partir,

Mas voltarei para te encontrar

 

Sobre este poema: aproveita a porta de entrada que são os nossos olhos, para se perder em sentimentos que mais parecem parte de uma autobiografia, feita nos mares da alma de outro ser humano.

 

Até breve.

(1) Dedicado ao meu Amigo André Mendes: Tamera e Epicuro

por talesforlove, em 22.04.19

Tamera

A Comunidade Tamera, localizada no Alentejo, Portugal, tem um vasto conjunto de atividades ligadas à Paz e à conservação da Natureza.

Fica o convite a conhecer mais sobre Tamera e qual o seu calendário de atividades para este ano.

 

https://www.tamera.org/pt/
 
 
https://www.tamera.org/pt/calendario-de-eventos/
 
Epicuro
 
Epicuro de Samos  (em grego antigoἘπίκουρος, Epikouros, "aliado, camarada"; 341 a.C., Samos — 271 ou 270 a.C., Atenas), foi um Filósofo Grego com um pensamento importante.
 
Como se refere na wikipédia "Epicuro nasceu na Ilha de Samos, em 341 a.C., mas ainda muito jovem partiu para Téos, na costa da Ásia Menor.[1] Quando criança estudou com o platonista Pânfilo por quatro anos e era considerado um dos melhores alunos. Certa vez, ao ouvir a frase de Hesíodo, "todas as coisas vieram do caos", ele perguntou: "E o caos veio de quê?". Retornou para a terra natal em 323 a.C. Sofria de cálculo renal, o que contribuiu para que tivesse uma vida marcada pela dor." 
 
Muito relevante é também a sua analogia de pensamento com a natureza... o homem como um elemento da natureza e a pensar nos limites do que é considerado parte da natureza.
 
Fica também o convite a ler mais sobre este filósofo em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Epicuro
 
e
 
http://www.citador.pt/textos/a/epicuro
 
 
Como diria Epicuro: "Faz tudo como se alguém te contemplasse"
 
Até breve.
 

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