2 de Abril de 2019: Água, Ambiente, Moçambique e “Rosa Branca, Floresta Negra”
A água é considerada fonte de vida, sem dúvida, mas, o furacão Idai com o a sua força e água associada acaba por ser um exemplo de que esta, quando em excesso, pode ser uma fonte de morte. A falta de água, ao contrário, provocando uma seca, como tem sucedido várias vezes em Portugal Continental durante este século, tem suscitado forte preocupação e também ela exige uma adaptação da nossa forma de viver.
Água fonte de vida
Ontem e hoje recomeçou a chover abundantemente em várias regiões de Portugal, sendo, sem dúvida, um sinal de esperança para todos nós.
Mas, veja-se o que estava a suceder em Portugal antes destas chuvas:
https://www.ipma.pt/pt/oclima/observatorio.secas/
A situação é de tal modo digna de atenção que já existe um “Observatório das Secas”. A necessidade de novos comportamentos torna-se importante, portanto, para acautelar um futuro mais seguro para todos nós. Por exemplo, se tivermos em atenção o custo do tratamento da água potável que bebemos nas nossas casas e que sai das nossas torneiras, talvez, seja uma boa ideia aproveitar captar e armazenar alguma água da chuva, quando possível, para pequenas tarefas diárias como lavar vegetais ou lavar janelas ou o carro. Imagine-se o impacto que este pequeno gesto teria se multiplicado por muitos lares. Repare-se que mesmo a água utilizada para estas tarefas simples é tratada como se fosse utilizada em consumo humano. Algo que só pode ser justificado pelos custos de distribuição da água, a qual não deve ser feita de forma duplicada.
Furacão Idai e Morte em Moçambique e África
É certamente do conhecimento de todos nós o impacto que o Furacão Idai teve em África e sobretudo em Moçambique. Muitas vidas roubadas, localidades inteiras destruídas, de novo o debate sobre as alterações climáticas e mesmo a localização de habitações face ao mar, cujo nível médio das suas águas tende a subir.
Basta olhar para estes dois jornais online e podemos ver detalhes que nos podem fazer levar a pensar na efemeridade das nossas vidas e da sua fragilidade:
https://www.mundoportugues.pt/tag/ciclone-icai/
https://www.publico.pt/mocambique?page=2
É neste contexto que aqui deixamos um poema por Stelio F. que obteve o 2º Lugar na Categoria Poesia no Concurso Literário “Natureza 2018-2019” (Versão em Inglês)
Paint me
Paint with forgetfulness
like the wall of time
with smoke flashing souvenirs
in all private emotions
Paint me with a brush
Paint me
grab me
No brush
With coal
ripping me off the ground
slowly paint without haste
with dry ink
that prides itself
on this screen that is life
without coming
in the roots of my being
from my intimate pleasure
Tradução para Português por Rui M.
Pinta-me
Pinta com esquecimento
tal como a parede do tempo
com lembranças psicadélicas de fumo
com todas as emoções privadas
Pinta-me com uma escova
Pinta-me
Agarra-me
Sem pincel
Com carvão
arranca-me do chão
pinta-me lentamente sem pressa
com tinta em pó
que se orgulha
neste ecrã que é a vida
sem vir
nas raízes do meu ser
do meu prazer íntimo
“Vozes da Primavera” (2017) por Maria A. S. Coquemala
Novamente, com a Primavera, justifica-se uma nova visita ao livro “Vozes da Primavera” (Editora Porto de Lenha, Brasil, contato@portodelenha.com) o qual nos encanta com a beleza da sua escrita. O livro é composto por um conjunto de contos com uma prosa muito cativante e com um ritmo muito próprio. Sem dúvida, uma oportunidade de leitura cativante e instrutiva, nesta Primavera que agora começa (em Portugal).
É tempo agora de olhar, pela primeira vez, um livro que nos fala de personagens que salvam as suas vidas na Floresta Negra. As árvores bebem a água para viver.
Um primeiro olhar sobre o livro “Rosa Branca, Floresta Negra”, por Eoin Dempsey (Irlanda)
“Aqueles que queimam livros acabarão um dia por queimar pessoas.” Esta parece ser a frase-chave no livro “Rosa Branca, Floresta Negra” (Editora Minotauro) a qual se bastaria a si mesma para nos fazer pensar. A profecia desta frase concretizou-se durante o regime Nazi na Alemanha da 2ª Guerra Mundial. Não será o objeto livro que está em causa mas sim as ideias que nele se perpetuam e através delas as pessoas que com elas viveram e nelas acreditaram. Hoje, os nazis poderiam queimar equipamentos kindle, por exemplo, para alcançar o mesmo propósito. Em “Rosa Branca, Floresta Negra” a crueldade contra as outras pessoas surge-nos como um crescendo: 1º anulam-se as pessoas psicologicamente, de forma cada vez mais absoluta, e depois, em 2º lugar, anulam-se fisicamente… Talvez hoje os Nazis tivessem de desligar toda a internet pois a liberdade não era um valor em que confiassem.
Quem não se adequava aos padrões de Adolf Hitler, o Furer, seria aniquilado fosse ou não fosse Alemão e foi isso que a heroína, a enfermeira Franka Gerber, viveu, perdendo toda a família, ainda que o seu pai tivesse sido morto por um bombardeamento dos Aliados a edifícios civis. Fruto da depressão profunda que se apoderara dela, ela dirigia-se um dia para a Floresta Negra, para se suicidar, mas, todavia, não o fez, porque encontrou um soldado recém caído de paraquedas na neve, com ambas as pernas partidas. Salvando-o salvou-se.
[Continua]
Até breve.