1 de Setembro 2019 – Parte 2 – Livros, Jorge de Sena e Lítio
Hoje, mesmo hoje, termina a 4ª Festa do Livro em Belém, uma iniciativa da Presidência da República de Portugal. O programa está disponível em:
http://www.presidencia.pt/?idc=199
Uma iniciativa que também recorda, este ano, os 100 anos do nascimento de Jorge de Sena, um poeta que vale a pena conhecer. Fica aqui a sua história de vida:
http://cvc.instituto-camoes.pt/seculo-xx/jorge-de-sena-55876-dp1.html#.XWtVFy5KjIU
Convida-se à leitura do poema “Uma Pequenina Luz” por Jorge de Sena:
Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una picolla… em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indeflectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha
Após a leitura deste poema, que nos apresenta inúmeros “recantos” e motivos de interesse, somos tentados a continuar a pensar em poesia…
Apresentamos o poema em 3º Lugar, também Vencedor da Antologia “Natureza 2018-2019”:
“Chuva” por Maria Catarina Canas de Portugal
CHUVA
Sinto que a chuva me pede respostas
Por ao cair uma canção entoar
Será que eu posso e canto com ela ?
Será que apenas devo observar ?
O que as gotas pequenas e grandes
Dizem no céu no seu voltear
É um mistério sempre estranho
Que muito anseio poder desvendar
Em toda a canção o encanto está
No poder perceber as notas dispersas
Que parecem encetar muitas conversas
Mas melodia as gotas entoam
E quem com elas souber entoar
Música infinita irá encontrar
Atualmente, existe algo de novo que surge em Portugal e que pouco tem a ver com poesia mas sim com trabalho e pragmatismo e ambiente, ou seja, o início da exploração de lítio a ser utilizado em baterias dos carros elétricos. Pode-se dizer que sim, que existe uma nova arte nas engenharias, o de proporcionar tecnologia mais amiga do ambiente e que isso é poético. E sim, com carros elétricos abre-se a fabulosa oportunidade de termos transportes menos poluidores, com menor emissão de dióxido de carbono e menor ruído. Sim, tudo isto é verdade. Mas, então porque temos manifestações em Portugal contra esta exploração de lítio?
Veja-se esta notícia:
A verdade é que existe o receio de ver multiplicados os impactos negativos de outras explorações mineiras, os quais frequentemente não são minimizados. Assim, o teste de novas soluções para minimizar este impacto poderá ser benéfico. Afinal, hoje existem inúmeros estudos para acautelar a exploração de Marte e não se acautela a exploração da Terra? Por exemplo, existem estudos que sugerem a utilização de cianobactérias para produção de oxigénio no espaço, e estes resultados são divulgados, e seria excelente ver a divulgação e exemplos reais de uma exploração mineira mais amiga do ambiente.
No mundo do cinema existem alguns filmes que exploram o eventual fracasso da nossa exploração da Terra, como principal instigador de uma exploração do espaço. Veja-se este trailer do filme Interstellar:
Até breve.