Sobre “Cinco ensaios lógico-filosóficos” de Gottlob Frege
O livro “Cinco ensaios lógico-filosóficos” de Gottlob Frege (1848-1925), na coleção Filosofia & Ensaios, da Editora Guimarães (Babel) é constituída por cinco ensaios: i) Função e Conceito (1891); ii) Sobre Sentido e Denotação (1892); iii) Sobre Conceito e Objeto (1892); iv) Elucidação Crítica de Alguns Pontos nas Lições sobre a Álgebra da Lógica de Ernest Schröder (1895) e v) O que é uma Função? (1904). O autor é considerado o “pai” da filosofia analítica, era filósofo e matemático e um dos fundadores da Lógica moderna. Os ensaios aqui traduzidos do alemão para o português, por António Zilhão, são, portanto, também relativos a matemática. A data em que foram publicados, que nos pode fazer olhar para eles como um documento histórico, e portanto considerar que estamos perante trabalho sem interesse para os nossos dias, engana neste sentido, pois tal será falso na medida em que nos pode ajudar a perceber conceitos atuais a partir de um olhar original e/ou diferente, certamente, por vezes, primordial.
O que Gottlob Frege tentou fazer foi partir da filosofia para, enquanto matemático, formalizar diversos aspetos filosóficos, no que diz respeito à Lógica como método de raciocínio formal. O seu trabalho surge numa longa sequência de trabalho já milenar, desde a Lógica de Aristóteles, por exemplo, a qual já era matemática, temporal, etc, como um conjunto de regras para um raciocínio correto.
Atualmente, o trabalho de Frege é muito importante porque ele criou e clarificou a distinção entre sentido e denotação, lançou as bases de grande parte da semântica analítica do século XX e consequentemente do século XXI e assim, porque, “um computador é sobretudo um manipulador simbólico” (C. Shannon, 1949), a verdade é que este blog e o computador em que ele é visto devem também a sua existência a este trabalho filosófico e matemático. Adicionalmente a mecânica, a eletrónica, a robótica e o estudo da inteligência artificial, estão intimamente ligadas à Lógica moderna.
Tudo isto era sentido por John McCarthy, pai da Inteligência Artificial (Agosto 1956, Universidade de Dartmouth, EUA) pois esta é definida como uma disciplina que procura conceber e criar entidades artificiais que, de alguma forma, revelam possuir “inteligência”.
Em resumo, este livro é mesmo uma muito agradável surpresa que no mostra algumas ferramentas que nos permitem ter momentos de prazer a jogar um jogo no computador, a ver um belo filme no cinema, caso ainda mais relevante nos filmes com 3D que nos envolvem de uma forma diferente e mais tecnológica (tecno + lógica) no espetáculo, mas também convém não esquecer o desenvolvimento de novos medicamentos ou novas tecnologias para operações médicas, programas de apoio à gestão, etc. Por tudo isto, recomenda-se o livro, sobretudo, a quem quiser saber mais sobre Lógica e a sua evolução.