Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)
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Uma iniciativa que também recorda, este ano, os 100 anos do nascimento de Jorge de Sena, um poeta que vale a pena conhecer. Fica aqui a sua história de vida:
Convida-se à leitura do poema “Uma Pequenina Luz” por Jorge de Sena:
Uma pequenina luz bruxuleante não na distância brilhando no extremo da estrada aqui no meio de nós e a multidão em volta une toute petite lumière just a little light una picolla… em todas as línguas do mundo uma pequena luz bruxuleante brilhando incerta mas brilhando aqui no meio de nós entre o bafo quente da multidão a ventania dos cerros e a brisa dos mares e o sopro azedo dos que a não vêem só a adivinham e raivosamente assopram. Uma pequena luz que vacila exacta que bruxuleia firme que não ilumina apenas brilha. Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda. Muda como a exactidão como a firmeza como a justiça. Brilhando indeflectível. Silenciosa não crepita não consome não custa dinheiro. Não é ela que custa dinheiro. Não aquece também os que de frio se juntam. Não ilumina também os rostos que se curvam. Apenas brilha bruxuleia ondeia indefectível próxima dourada. Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha. Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha. Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha. Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha. Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não: brilha. Uma pequenina luz bruxuleante e muda como a exactidão como a firmeza como a justiça. Apenas como elas. Mas brilha. Não na distância. Aqui no meio de nós. Brilha
Após a leitura deste poema, que nos apresenta inúmeros “recantos” e motivos de interesse, somos tentados a continuar a pensar em poesia…
Apresentamos o poema em 3º Lugar, também Vencedor da Antologia “Natureza 2018-2019”:
“Chuva” por Maria Catarina Canas de Portugal
CHUVA
Sinto que a chuva me pede respostas
Por ao cair uma canção entoar
Será que eu posso e canto com ela ?
Será que apenas devo observar ?
O que as gotas pequenas e grandes
Dizem no céu no seu voltear
É um mistério sempre estranho
Que muito anseio poder desvendar
Em toda a canção o encanto está
No poder perceber as notas dispersas
Que parecem encetar muitas conversas
Mas melodia as gotas entoam
E quem com elas souber entoar
Música infinita irá encontrar
Atualmente, existe algo de novo que surge em Portugal e que pouco tem a ver com poesia mas sim com trabalho e pragmatismo e ambiente, ou seja, o início da exploração de lítio a ser utilizado em baterias dos carros elétricos. Pode-se dizer que sim, que existe uma nova arte nas engenharias, o de proporcionar tecnologia mais amiga do ambiente e que isso é poético. E sim, com carros elétricos abre-se a fabulosa oportunidade de termos transportes menos poluidores, com menor emissão de dióxido de carbono e menor ruído. Sim, tudo isto é verdade. Mas, então porque temos manifestações em Portugal contra esta exploração de lítio? Veja-se esta notícia:
A verdade é que existe o receio de ver multiplicados os impactos negativos de outras explorações mineiras, os quais frequentemente não são minimizados. Assim, o teste de novas soluções para minimizar este impacto poderá ser benéfico. Afinal, hoje existem inúmeros estudos para acautelar a exploração de Marte e não se acautela a exploração da Terra? Por exemplo, existem estudos que sugerem a utilização de cianobactérias para produção de oxigénio no espaço, e estes resultados são divulgados, e seria excelente ver a divulgação e exemplos reais de uma exploração mineira mais amiga do ambiente.
No mundo do cinema existem alguns filmes que exploram o eventual fracasso da nossa exploração da Terra, como principal instigador de uma exploração do espaço. Veja-se este trailer do filme Interstellar:
Finalmente, anunciamos os vencedores da Categoria Poesia, para a Edição 2018-2019 do Concurso Natureza.
Poesia:
“Vida ao vento” Bárbara Rocha de Brasil - 1º Lugar
“Submarino” por Renato TouzPin de Brasil - 2º Lugar
“Chuva” por Maria Catarina Canas de Portugal - 3º Lugar
Menções honrosas:
“CHAYA” por Anna de Freitas de Portugal
“Preservação da vida” por Cristina Cacossi de Brasil
“O Cosmonauta e o Poeta” por Paulo Caldeira de Brasil
“Dança das Flores” por Silvia Ferrante de Brasil
Parabéns a todos os vencedores e vencedoras.
O Concurso Natureza tem feito um percurso de reconhecimento dos autores e autoras que acreditam nesta aventura literária e sobretudo acreditam num mundo diferente, em que o ambiente e a sua preservação, por ser central para o nosso bem estar, tem um papel central nas nossas vidas, enquanto comunidade global.
Muitos trabalhos serão aqui divulgados, ainda que não premiados com primeiros lugares, assim os(as) autores(as) assim o autorizem. Até breve e boa escrita.
Julho começa com chuva e alguns raios de sol. Junho foi o mês do 1º aniversário da tragédia de Pedrógão, das Festas dos Santos Populares, do final da Feira do Livro 2018 e de tantas outras situações que vão além da capacidade deste blog para transmitir.
Neste blog, Julho começa também com poesia, com balanço ecológico, com divulgação de livros de qualidade, com belas fotos, em resumo: também com o impacto de um Verão tímido.
Um ano após os fogos que vitimaram tantas pessoas e abalaram tantas vidas, faz sentido olhar para a floresta hoje. Parte dela, da que ardeu e que hoje se veste novamente de verde… Muitas vezes do verde do eucalyptus globulus mas também de outras plantas que tentam colorir de verde a paisagem.
A par dos fogos florestais, outra tragédia de várias zonas do interior do país é a vespa asiática, a destruir a abelha de mel. Todavia, com uma armadilha simples (mel, açúcar até obter alguma espuma, água morna, 1 colher de sopa de vinagre por cada litro de água) é possível vencer esta batalha. Veja-se a fotografia que se segue e que não deixa margem para dúvidas.
Felizmente, este blog pretende ser uma luz no firmamento, no sentido positivo e “coletivo”, dai que é tempo de voltar-mos à poesia positiva. Fica o convite a ler a poesia de Juanita E., primeiro em Inglês e depois a sua tradução. Que sejamos iluminados por estas palavras… com a sua mensagem simples, forte e cativante.
LIGHTING UP THE WORLD, by Juanita E. (EUA)
THE INFUSION OF LIGHT BEAMS
CAN BE FOUND ALL OVER THE WORLD.
THESE BEAMS CARRY WITH THEM
THE SEEDS OF KINDNESS, TOLERANCE
AND LOVE.
THEY LIGHT UP A CONFUSED AND
DARKENED WORLD.
WHEN THOSE BEAMS OF LIGHT CAUSE
OUR PLANET TO BECOME THAT SHINING STAR
IN OUR UNIVERSE,
THERE WILL BE PEACE, LOVE AND JOY AMONG
ALL PEOPLE.
ILUMINANDO O MUNDO, por Juanita E.
A INFUSÃO DOS FEIXES DE LUZ PODE SER ENCONTRADA EM TODO O MUNDO. ESTES RAIOS DE SOL CARREGAM COM ELES AS SEMENTES DA BONDADE, TOLERÂNCIA E AMOR. ELES ILUMINAM UM MUNDO CONFUSO E ESCURO. E QUANDO ESSES FEIXES DE LUZ TORNAREM O NOSSO PLANETA UMA ESTRELA BRILHANTE NO NOSSO UNIVERSO, HAVERÁ PAZ, AMOR E ALEGRIA PARA TODAS AS PESSOAS.
Foi Junho o mês de saltar a fogueira,
De cantar ao luar, e dos Santos,
Mostrar aqui as festas da cidade brejeira,
A preencher todos os nossos cantos.
Fica assim aqui também o convite a verem estas fotos de Lisboa em festa, como se este convite fosse também um verso de manjerico vendido numa banca da cidade. Não é dos melhores mas rima e alegra 😊 Que saudade de Junho e também do cheiro a Tília e doce das flores, entre os livros da Feira do Livro de Lisboa de 2018…
O cair do pano na Feira do Livro de Lisboa de 2018, a deixar uma promessa de regresso e a deixar a certeza que mais do que ler é preciso fazer.
E ainda neste caminho dos livros em Lisboa, fica aqui exposto o livro “O Último Ultramarino” por Xavier Figueiredo, que aqui divulgamos a convite da Editora ULISSEIA – BABEL.
O ÚLTIMO ULTRAMARINO – na saga da descolonização de Angola
Em 2018, quarenta e cinco anos depois de iniciado o processo de descolonização dos antigos territórios que Portugal detinha em África (que muitos afirmam ter tido início em Setembro de 1973, quando o PAIGC declarou unilateralmente a independência da Guiné-Bissau), o tema da presença portuguesa em África e o processo de descolonização continuam a ser assuntos quase tabu.
No seu mais recente livro, OÚltimo Ultramarino – na Saga da descolonização de Angola, o jornalista Xavier de Figueiredo pega neste tema para nos falar sobre uma das mais trágicas consequências da descolonização de Angola: a debandada de cerca de 500.000 pessoas, em estado de sofrimento e de perda, a que se seguiu o seu lento desaparecimento como últimos abencerragens um corpus, o dos ultramarinos, que ao longo de 600 anos marcou a História de Portugal.
Inserido no género “faction”, o livro mistura factos com ficção. A ficção cinge-se às personagens, às quais foi preciso dar nome, vida, pensamento e memória. Reais são os factos que foram por essas personagens vividos e presenciados ou que chegaram ao seu conhecimento.
XAVIER DE FIGUEIREDO nasceu em 1947, na cidade do Huambo, Angola – à data chamada Nova Lisboa. A sua longa carreira de jornalista foi iniciada em 1971, ao serviço do jornal A Provínciade Angola, principal diário de Luanda. Em Maio de 1975, recém radicado em Portugal, ingressou no Jornal Novo – publicação de que fora correspondente em Luanda, nos meses imediatamente anteriores. O ano de 1977 foi o primeiro de outros nove passados ao serviço da antiga ANOP, cinco dos quais como delegado da Agência em Bissau e em Maputo, sucessivamente. Foi mentor, fundador e director da primeira publicação de temática africana lançada em Portugal (Agosto de 1984), o quinzenário África Jornal. Em 1985, fundou a primeira de diversas newsletters de assuntos africanos, o África Confidencial. Seguiram-se, por ordem cronológica, África Focus, África Intelligence e, em 2005, África Monitor. Tem colaboração dispersa por vários jornais e revistas, em Portugal e em países africanos. Foi comentador de assuntos africanos de duas estações de televisão em Portugal. É autor de dois livros de História, Crónica da Fundação doHuambo/Nova Lisboa e Ceuta, primeira conquista de Portugal Além-Mar.
De regresso ao verde, a música de Nicola Benedetti - The Lark Ascending, para podermos ver o verde das ervas e o azul revolto do mar, sempre ao lado das falésias.
O mar e o Verão convidam, por um lado, a uma viagem até à praia, para saborear o calor e ver aquela natureza feita de água, mas, por outro lado, também nos devem levar a beber mais água a bem da nossa saúde. Por estes motivos alertamos para os cuidados a ter quando vamos a banhos, pois é bom não esquecer que o perigo de afogamento é sempre uma realidade, e para a necessidade de ter em atenção que beber água de qualidade, ou seja, limpa e com as características químicas adequadas, é importante, é fundamental. Existem diversos estudos sobre as reações do nosso organismo quando exposto a águas contaminadas por compostos químicos prejudiciais, para que se possa resolver essa situação com o mínimo de efeitos nefastos para a nossa saúde. Existe também um conjunto de estudos sobre modelos toxico-cinéticos relativos a interações fisiológicas, ou seja, interações com o nosso organismo. De tal forma é óbvia a importância desta questão da contaminação das águas que podemos beber, que existem também estudos epidemiológicos para avaliar a propagação dos contaminantes aquíferos em determinada população, como se de uma doença se tratasse. O objetivo é também o de identificar a origem geográfica e química da contaminação.
Com a poluição a ameaçar o nosso bem estar, por exemplo, com os plásticos no mar e com a diluição de alguns compostos químicos perigosos, a verdade é que o melhor é colocar os olhos num futuro melhor, sem estes “produtos” a nadar ao nosso lado à beira mar e a tomar banhos de sol, ao lado das nossas toalhas…
Nunca nos devemos esquecer de recolher o nosso lixo quando vamos à praia, esse gesto de higiene é também muito útil para a natureza. Fica ainda a sugestão de evitar o automóvel durante um Domingo, ou seja, tentar fazer o nosso passeio de Verão nesse dia, ou nosso dia de folga, de tal forma a não poluir a atmosfera. Além de um belo exercício físico, poderá ser uma forma de redescobrir até onde podemos ir a pé e conhecer melhor certos locais, encantadores, bem perto de nós.
Criou Deus no princípio o Universo em seis dos dias. Era o mundo disforme e vago com negrume. Mas pairava o Espírito n’águas arredias E disse o Altíssimo: haja luz. E veio o lume.
E separou o clarão das trevas, dia e noite, No primo dia. E houve, pois, tarde mais aurora. Disse idem: haja firmamento na torrente Chamando a base de Céu no dia de agora.
Por continuação disse nos dias seguintes: Ocorra uma separação entre a água e o sedento - Quer dizer, entre o mar e a plaga, o rio e os lotes –, Produzam as planícies árvores e o mato,
Façam-se luminares no Céu, o sol e a lua, Nasçam seres viventes no ar e ainda no mar E ao ser terrestre: reproduza. A Terra é tua. Viu então que era boa a feitura posta a amar.
Façamos, pois, o homem a nossa imagem e, Conforme a nossa semelhança, disse Deus. Governe sobre a Terra, do golfinho ao bode, Das bestas das águas profundas e de Zeus.
E do barro montou Deus a um belo boneco De contornos e sapiências a Ele iguais. Por toda parte projetada de seu corpo, Felicidade e devoção usava a mais.
O boneco era de estatura intimidante, De perfeição a um pecador inesperável. Era aos olhos de Deus um ser exuberante Ainda que fosse por Ele reprovável.
Sabia o Altíssimo que o homem decairia, Que pecaria na primeira tentação. Mesmo assim as narinas Ele sopraria
Dizendo-lhe: é muito bom em exatidão.
Galhardo
Doces, as águas, das Minas Gerais, Onde peixes subiam infinitos, Alegres, nos gentis mananciais, E vida permitiam aos distritos.
Agora, essa lama, vede! Olhais! Carregada, corre, com mil detritos, Radioativos, e, morte, provais. Quem, pois, irá pagar por tais delitos?
-A natureza, com danos funestos; -Os moradores, sem teto e comida; -O Brasil, pela beleza perdida.
Pois vós, mesmo que em erro manifesto, Governadores, em falta homicida, Nunca tereis parte em ação vindita!
O planeta está sofrendo E nós desobedecendo Jogamos lixos nas ruas Com a chuva vai enchendo
O planeta está morrendo E nós desobedecendo Devastamos as florestas E a terra vai se aquecendo
O planeta está sofrendo E nós desobedecendo Queremos tecnologia Impactou o meio ambiente
O planeta está sofrendo E nós desobedecendo Os desastres naturais Estão bem mais frequentes
O planeta está sofrendo E nós desobedecendo Tudo desequilibrado Anseios prevalecendo Resiliência humana! Buscar tanta ostentação... E será que vale a pena?
Gotas Ophéliares que cortam os ares, Dos céus vindas, em setas, milhares, e se cravam no solo e lhe sopram a vida, que nos devolvem a esperança... que nos prometem a futura bonança, que nos livram, já hoje, do inferno, e nos fazem desejar o Inverno... que nos fazem esquecer sonhos (e pesadelos) de Verão, que... nos devolvem o sono. Terno. Que nos permitem repousar. Repousar. Chuva que lavas as nossas faces.