Parte IV – Poesias
Poesias por Viviane P. (Brasil)
SANS FOI NI LOI
Je crois en la vérité dite dans les journaux
Je me réveille et je seris dans la rue
Le coup de feu du voisin est le premier impact
Et combien d'autres en entendras-je encore ?
Non, ce n'est pas moi qui vais crier.
Pour mettre fin à cette violence
Je ne suis qu'un spectateur, parce que je n'ai pas d'arme.
Je suis juste un citoyen qui a peur de tout
Y compris les cris
Je ne peux même pas parler.
Mes paroles peuvent tuer aussi.
Oui, en fait je suis quelqu'un
Bien que cela ne signifie pas que je suis une personne
Je suis quelqu'un sans droits, sans garantie
Sans foi et sans empathie
Et, à mon désespoir total,
Face aux abus improbables de la vie quotidienne,
Je vais me taire devant tout !
SANS FOI NI LOI
Acredito na verdade dita nos jornais
Acordo e saio para a rua
O tiro da arma do vizinho é o primeiro impacto
E, quantos outros ainda vou escutar?
Não , não sou eu quem vai gritar
Para que parem com esta violência
Sou apenas expectador, pois, não tenho arma alguma
Sou apenas um cidadão com medo de tudo
Inclusive de gritar
Nem falar eu posso
Minhas palavras podem matar também.
É, na verdade eu sou alguém
Embora isto não signifique que eu seja uma pessoa
Sou alguém sem direitos, sem garantias
Sem fé e sem empatia
E, para meu total desespero,
Diante do improvável abuso no cotidiano,
Eu me calo diante de tudo!
ANCESTRALIDADE
É bonito ouvir você
defender seu candidato
E fazer um ultimato
Só porque não penso assim
Faz piada, ri de mim
Ameaça me matar
Degolar , me escalpelar
E se eu trato de um fato
O diferente desiderato
Faz a ancestralidade
De repente aparecer
Quando o homem para viver
Matava o outro para comer
Hoje é pouco diferente
Pois, eu vejo muita gente
Que mata por prazer
Põe a carne no seu prato
O couro no sapato
E segue a vida a viver
Esta vida que repete
O comportamento humano
Entra um século e saí um ano
Tudo igual até morrer.
Morre a vida do sujeito
Feito o homem ancestral
Com uma lança bem no peito
E, eu pergunto , e o direito
De pensar o desigual?
Me permita lhe dizer
Mesmo sendo diferente
Sou um tanto inteligente
Para saber o bem e o mal
E, percebo em seu jeito
que essa ancestralidade
Muito mais do que maldade
É seu jeito de esconder
O tamanho de seu ser
Pequenino na essência
Cuja dor da existência
Não permite aceitar
O que a vida faz brotar
Na cabeça de quem sente
Que viver é acrescentar.
E, termino consciente
De ter feito da semente
Nova forma de pensar.
Pense bem, meu bom amigo,
Pois, o outro não existe
É você, se me permite,
Do avesso a me olhar.
Pense em mim como em você
Já que estou na outra ponta
Que você vai encontrar.
Cesário Verde (Portugal, 2ª Metade do Século XIX)
Aspiro um cheiro a cozedura, e a lar
E a rama de pinheiro! Eu adivinho
O resinoso, o tão agreste pinho
Serrado nos pinhais da beira-mar.
[…]
“Submarino” Renato TouzPin de Brasil - 2º Lugar do Concurso Natureza 2018-2019
Submergir do raso para o fundo.
Para longe do ficar ao acaso,
De braços bem dados,
Mergulhados com o profundo.
Banhar-me com águas-de-cheiro colhidas em jardins próximos aos corais mais coloridos.
Reconhecer que distante de mim,
Eu era desconhecido, seco, sozinho.
Catar conchinhas, pérolas e estrelas, no céu marino.
Pegar carona com golfinhos, pescar sereias, cavalgar cavalos marinhos.
Permissão a Neptuno para ali enamorar.
Para bons fluídos, a benção de Iemanjá.
Ao emergir, afobado, sentir saudades das guelras que davam-me ares,
E, com isso, emarasmar.
Entediar-me. Em minha ilha me isolar.
Agora, mesmo que contra correntezas e marés,
A favor de minhas ondas, irei remar.
E, para reproduzir, rio acima irei nadar.
Gerar vivas nascentes, quentes cores refratar.
Dar um tempo da mesmice.
No subconsciente, de cabeça, mergulhar.
Fazer dos mares meu quintal, dos oceanos o meu lar.
De uma vez por todas e enfim amarar.
Mudar da superfície.
Me aprofundar no mar.
Meu desejo mora lá.
Quero namorar.
Quero lá morar.
Sumir um pouco da terra.
Ir no mar morar.
Flor no Chão - Rafael Alvarenga – Brasil - Itatiaia, 04 de julho de 2015
Um poema vencedor, em primeiro lugar, no Concurso Natureza 2015
Achei uma flor
No chão.
Três pétalas lhe sobravam.
Pensei salvá-la.
De que?
Voltei pelo caminho procurando-lhe
os pedaços, mas não sabia o seu caminho,
Fui em direção a casa, jarro d’água em pensamento.
Desisti.
Que atrocidade teria desbeiçado a flor?
Indigna formiga faminta?
Famigerado vento que me refresca a face?
Indolente passarinho que me encanta o tempo?
Achei uma flor
No chão.
Pensei salvá-la.
Desisti.
Deixei que alimentasse a formiga
Que tremulasse ao vento – uma última vez –
Que fosse ninho ao passarinho.
Salvei-a de minhas próprias mãos pensantes.
Execução sumária - Edweine Loureiro – Japão
Um poema vencedor, em primeiro lugar, no Concurso Natureza 2015
Sinto o golpe no tronco!
E grito, aflita,
mas ninguém liga
para esta amiga…
Pois velha estou…
E, para aumentar a dor,
descubro, com horror,
que meu algoz
é aquela criança:
a mesma que,
em outros tempos,
fosse na alegria
ou no sofrimento,
buscava abrigo
sob meus galhos.
E que, hoje,
machado na mão,
congela o coração,
para pôr abaixo
a floresta de carvalhos.
Natureza morta - Claudia M. - Brasil
Um poema vencedor, em primeiro lugar, no Concurso Natureza 2015
Vi a flor murchar
E o beija-flor perder a cor
Vi o rio secar
E o peixe não ter onde nadar
Vi o sol queimando a grama
E o gado assolar-se de fome
Vi as árvores morrendo
E o oxigênio se dissipando
Vi a chuva surgir na sua escassez
E a sua acidez prejudicar o solo
Vi o agrotóxico multiplicar-se
E a alface crescer de forma nímia
Vi a fruta cariar
E nem para adubo servir
Vi o povo amiúde e nada fazer para tudo renascer
E assim,
Vi a natureza perecer
E o homem com ela morrer.
Um breve texto poético de Anne Frank:
“Todos temos dentro de nós próprios uma Boa Nova!
A Boa Nova é que não sabemos realmente
quão grandes podemos ser,
o muito que podemos amar,
o muito que podemos alcançar,
e a imensa riqueza do nosso potencial.
Uma Boa Nova como esta não pode ser melhor!”