Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)
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Boa noite caros Amigos e Amigas das letras e da natureza, é sabido que a nossa mãe natureza é uma “caixa de surpresas” em eterna evolução. Já lá vão uns anos desde que Darwin fez a experiência de cortar as pontas de algumas raízes e depois verificou que estas deixavam de crescer tendo em conta a ação da gravidade, ainda assim, a natureza, neste caso as plantas, continuam a conter mistérios que não se conseguem entender….
Seguidamente apresentam-se dois poemas vencedores que ficaram em 3º lugar, o que também é algo inesperado mas que além de revelar o interesse destes trabalhos sinaliza igualmente o mistério de tentar colocar os nossos pensamentos no papel. Afinal…
3º lugar: (empate técnico)
“Cores de Novembro” por Catarina Canas (Portugal)
as cores de novembro quentes de ouro,
em murais de folhagens encantadas,
conferem aos dias tal tesouro,
fazem esquecer e aquecer as madrugadas.
dias grandes em noites escuras desaguam,
roubando a luz que ilumina cada hora,
pinceladas invulgares que continuam
a permitir aos grandes dias ir embora.
é de lembrar que tudo sempre recomeça,
tudo nasce tudo vive tudo morre
numa dança audaciosa e colorida
com atitude na estrada que percorre.
“Flores Urbanas” por Marcelo Souza (Brasil)
Numa terra ocupada
O ser humano é o maior culpado
A flor não respira...
Ela piora com a poluição,
Folhas sujas de fumaça
Um cinza que sufoca.
As flores urbanas sofrem.
As pessoas sofrem...
A natureza reluta...
O povo luta.
Mais prédios aparecem,
No amanhecer ninguém conhece.
Ninguém merece...
A floresta empedrou
A pedra dominou,
As flores raras se escondem
As flores de plástico aparecem
E no mundo artificial
A ruína é total
Pobre desse animal
Num desenvolvimento total
Vai sucumbindo, definhando
Até voltar para a natureza.
Som
Sem dúvida, dois belos poemas, como resultado de muito trabalho e empenho. Parabéns aos Autores.
Uma iniciativa que também recorda, este ano, os 100 anos do nascimento de Jorge de Sena, um poeta que vale a pena conhecer. Fica aqui a sua história de vida:
Convida-se à leitura do poema “Uma Pequenina Luz” por Jorge de Sena:
Uma pequenina luz bruxuleante não na distância brilhando no extremo da estrada aqui no meio de nós e a multidão em volta une toute petite lumière just a little light una picolla… em todas as línguas do mundo uma pequena luz bruxuleante brilhando incerta mas brilhando aqui no meio de nós entre o bafo quente da multidão a ventania dos cerros e a brisa dos mares e o sopro azedo dos que a não vêem só a adivinham e raivosamente assopram. Uma pequena luz que vacila exacta que bruxuleia firme que não ilumina apenas brilha. Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda. Muda como a exactidão como a firmeza como a justiça. Brilhando indeflectível. Silenciosa não crepita não consome não custa dinheiro. Não é ela que custa dinheiro. Não aquece também os que de frio se juntam. Não ilumina também os rostos que se curvam. Apenas brilha bruxuleia ondeia indefectível próxima dourada. Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha. Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha. Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha. Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha. Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não: brilha. Uma pequenina luz bruxuleante e muda como a exactidão como a firmeza como a justiça. Apenas como elas. Mas brilha. Não na distância. Aqui no meio de nós. Brilha
Após a leitura deste poema, que nos apresenta inúmeros “recantos” e motivos de interesse, somos tentados a continuar a pensar em poesia…
Apresentamos o poema em 3º Lugar, também Vencedor da Antologia “Natureza 2018-2019”:
“Chuva” por Maria Catarina Canas de Portugal
CHUVA
Sinto que a chuva me pede respostas
Por ao cair uma canção entoar
Será que eu posso e canto com ela ?
Será que apenas devo observar ?
O que as gotas pequenas e grandes
Dizem no céu no seu voltear
É um mistério sempre estranho
Que muito anseio poder desvendar
Em toda a canção o encanto está
No poder perceber as notas dispersas
Que parecem encetar muitas conversas
Mas melodia as gotas entoam
E quem com elas souber entoar
Música infinita irá encontrar
Atualmente, existe algo de novo que surge em Portugal e que pouco tem a ver com poesia mas sim com trabalho e pragmatismo e ambiente, ou seja, o início da exploração de lítio a ser utilizado em baterias dos carros elétricos. Pode-se dizer que sim, que existe uma nova arte nas engenharias, o de proporcionar tecnologia mais amiga do ambiente e que isso é poético. E sim, com carros elétricos abre-se a fabulosa oportunidade de termos transportes menos poluidores, com menor emissão de dióxido de carbono e menor ruído. Sim, tudo isto é verdade. Mas, então porque temos manifestações em Portugal contra esta exploração de lítio? Veja-se esta notícia:
A verdade é que existe o receio de ver multiplicados os impactos negativos de outras explorações mineiras, os quais frequentemente não são minimizados. Assim, o teste de novas soluções para minimizar este impacto poderá ser benéfico. Afinal, hoje existem inúmeros estudos para acautelar a exploração de Marte e não se acautela a exploração da Terra? Por exemplo, existem estudos que sugerem a utilização de cianobactérias para produção de oxigénio no espaço, e estes resultados são divulgados, e seria excelente ver a divulgação e exemplos reais de uma exploração mineira mais amiga do ambiente.
No mundo do cinema existem alguns filmes que exploram o eventual fracasso da nossa exploração da Terra, como principal instigador de uma exploração do espaço. Veja-se este trailer do filme Interstellar: