Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)
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O ano 2020 foi um ano atípico, por causa da pandemia. Nele acabamos por encontrar todas as fragilidades possíveis dos seres humanos. 2021 continua a ser 2020. O calendário mudou mas tudo continuou, o que em boa verdade, já seria de esperar pois o vírus não tem nada a ver com o nosso calendário. Ficam os fogos de artifício extemporâneo resultado de uma vontade reprimida de normalidade. O Autor deste blog não participou nesta alegria tão desprecavida mas compreende-se esta situação, quem a pode criticar?! Mas temos temos de esperar que o vírus se vá embora ou fincando que não seja uma ameaça.
Ironia foi o filme "O Ano da Morte de Ricardo Reis" ter estreado no ano em que a morte começou a estar presente no nosso dia a dia. Que falta de pontaria! À tragédia das salas de cinema fechadas somou-se o tópico do filme. Veja-se o filme de apresentação, do Inglês trailer, algo que eventualmente poderíamos traduzir de forma mais resumida como cinpub (ou cinematográfica publicidade). Fica a sugestão para uma nova palavra.
Fica ainda uma sugestão de áudio livro para a obra de José Saramago, a qual bebe inspiração em Fernando Pessoa.
Finalmente, para que fique claro que vale a pena confinar, que vale a pena aguardar pelo Verão, fica aqui uma música com um bom ritmo, por Zé Amaro. Pode ser que a variante Europeia do Covid-19 vá de férias no Verão e nos deixe em paz, afinal está claro que prefere as temperaturas mais baixas, ao contrário da variante Amazónica.
O Zé Amaro é um Artista que buscou a sua inspiração na música Brasileira, por sua vez inspirada noutras fontes.
0Estamos de regresso com a Edição 2020-2021 do Concurso Literário Natureza. Vivemos tempos diferentes, que nos obrigam a rever a nossa forma habitual de nos posicionarmos perante a vida. O lado positivo, é aquele que sempre interessou a este Concurso e é-o especialmente hoje: dia em que começou o processo de vacinação em Portugal, contra a Covid-19!
Convida-se à escrita de um poema ou conto breve tendo como principal fonte de inspiração a Natureza. Em toda a sua beleza e força, como sinal de esperança e crença num 2021 cheio de Paz e Felicidade. Também a Natureza do Universo, é digna de um poema ou conto, tal qual em edições anteriores!
O tema dos micro plásticos e o tema da poluição atmosférica, são aqueles que mais nos chamaram a atenção este ano. Por exemplo, ao reparar um eletrodoméstico, poderá alterar o volume de resíduos que vão acabar a poluir o ambiente e assim evitar que o plástico se degrade sem controlo, até formar pó e ser absorvido pelos organismos vivos. Igualmente, se se deslocar mais vezes nas proximidades da sua habituação e a pé, poderá também reduzir a libertação de fumo na atmosfera. Adicionalmente, uma apresentação em Power Point com um fundo escuro e sobre ele letras claras, irá permitir um consumo inferior de energia elétrica, a qual, ainda hoje, é maioritariamente produzida com fontes de energia não renováveis, se olharmos para o conjunto do planeta.
O Regulamento para 2020-2021 é o seguinte:
A participação neste concurso é gratuita.
Qualquer pessoa de qualquer país pode participar desde que submeta trabalhos escritos em português.
Cada participante pode enviar um poema, sem limite de palavras, e um conto, com um máximo de 3000 palavras.
As obras devem ser enviadas por e-mail para Rui M. (blogsnat@gmail.com) juntamente com nome, país, contacto eletrónico. O assunto do email deve ser "Concurso Literário Internacional 'Natureza - 2020-2021'". Espaçamento entre linhas: espaçamento simples; Dimensão da letra: 12; Tipo de letra: Calibri; textos no corpo do e-mail e não em ficheiro.
Os autores participantes concordam em receber e-mails no futuro que tenham como objetivo principal divulgar futuras iniciativas literárias. Devem subscrever o blog (caixa no topo).
Os finalistas vencedores de primeiros prémios têm direito a um certificado digital.
Todos os poemas selecionados serão publicados em antologia, que estará disponível em formato PDF (possibilidade de existir no Windows), com um custo de 2,5 € (pagamento de uma doação pelo PayPal). Os autores premiados têm direito a uma versão gratuita.
Direitos do autor: os autores têm os seus direitos sobre os trabalhos publicados, a fim de publicar como quiserem em qualquer outro lugar. A organização do Concurso detém direitos totais sobre os trabalhos publicados no contexto da Antologia digital do Concurso ou Obra do Concurso em papel.
Prazo para participação: de 13 de Março a 13 de Abril de 2021.
Eventualmente, haverá um mês extra de Concurso mas tal só se saberá após 13 de Abril 2021.
Os resultados finais serão anunciados cerca de dois meses depois do final do concurso em http://contosdasestrelas.blogs.sapo.pt e, quando possível, em outros websites a indicar no futuro próximo.
Publicação impressa via financiamento coletivo, sem obrigação de participação de Autores, com abdicação de Direitos de Autor conforme contrato. Edição sujeita a número mínimo de participantes atendendo a viabilidade da obra.
O primeiro de cada categoria terá direito a um prémio: obra de arte (uma pintura A4) enviada pelo correio.
Este ano também homenageamos Marco Paulo, o grande Cantor de música ligeira e romântica, que é uma referência para a música Portuguesa.
Convidamos a uma visita à página da Wikipédia e a procurarem as canções do Cantor e procurarem nelas numa inspiração para um poema ou breve conto. Se for possível incluírem a Natureza nesse trabalho então tanto melhor.
Adicionalmente, ficam aqui alguns poemas inspiradores:
Fim, por Viviane P. (Brasil)
São sequências de infinitos caminhos.... Um meu, um teu e um do mundo. E, aqueles encontros programados ou não, Não são mais possíveis nem agora , nem nunca. Minha trajetória mudou, E nem fui eu que escolhi, na verdade. Mas, ainda com essa perspectiva de fim, Tão iminente, tão presente, Não posso esconder dentro de mim, Outro sentimento que não seja amor, Amor demais, de várias formas latente. Pois, se nunca é muito tempo, Para o amor, imagina a eternidade!
Escorrem de mim atravidas doçuras, de achar tudo deliciosamente delicioso. O tempo colore as horas com saborosas iguarias, sempre novas, disponíveis, podendo ser lambuzadas, salpicadas, pingadas em todo lugar. Cabe em mim esse universo de criança, em que não existe tempo, as horas se esparram, caudalosas, em agitadas travessuras.
E ainda o inicio de outro Poema.
VIM TE VER
Vim te ver, pois sei que o sol apareceu no teu dia, vim te ver, pois sei que me invades quando de mim foges, quando não percorres destinos e não sabes para onde ir.
[...]
Para descobrir o Poema na sua completude, o melhor será contactar a Autora, em "Fazendo Amor com o Universo em Versos"
Qualquer pedido para: claudete@msrg.com.br
Um profundo obrigado a todos quantos têm aguardado por esta edição do Concurso Natureza.
Até breve, e um grande abraço com votos de muita Saúde.
Poderá não ser apenas ao Domingo mas, em tempo de mais pandemia, justifica-se um pouco mais de partilha. Tentaremos publicar com maior frequência este mês de Novembro.
Fica aqui hoje um conto da Escritora Brasileira Maria Coquemala, incluído no seu livro FLASHES, publicado pela Editora Porto de Lenha (contato@portodelenha.com - Brasil). É um exemplo, claro da profundidade dos temas que procura abordar nos seus contos, de leitura agradável e convidativa. Fica o convite.
Logo que possível publicaremos um trabalho de outro Autor.
Até breve.
Settembrini
O tempo escorreu ao longo dos dias, meses, anos... Mas nítidas as lembranças do suceder de acontecimentos que nada neste mundo prenunciava. E como num filme de longa metragem, posso me ver e a eles, personagens deste relato que tomaria por inverossímil, não tivesse sido eu co-participante dos surpreendentes episódios no hospital, para onde tinha sido levada numa madrugada, acometida de dores.
Nos dias de internação que se seguiram, embora com dificuldade, tentava continuar lendo um romance cuja trama romântica me atraía menos que as longas reflexões sobre a vida, a morte, o amor, a paixão, o tempo e a doença. Em especial, o tísico personagem Settembrini me fascinava, querendo salvar o mundo através da Arte, da Razão e da Ciência. Então interrompia a leitura, refletindo sobre suas belas teorias humanistas.
E foi num momento assim que Settembrini, qual personagem pirandeliano, de algum modo estava no quarto, como descrito no livro, baixinho, meia idade, a fronte alta, os olhos negros, fios brancos nas têmporas, vestindo amplas calças de xadrez amarelado e paletó muito comprido. Inexplicável, mas nenhuma surpresa me causou. Apesar das vestes puídas, ali estava um cavalheiro.
E sempre gentil me deu o braço, atravessei com ele o longo corredor do hospital, abrindo as portas dos quartos. Enfermos se levantavam de seus leitos, nos acompanhando. Cruzamos com macas, médicos e enfermeiros, ouvindo a tosse cavernosa dos tuberculosos, gemidos, sirene de ambulâncias... Amparada no seu braço, caminhamos lentamente para o jardim. Gotas da chuva recente ainda caíam das árvores, o ar estava limpo e fresco, apanhávamos folhas de ervas cheirosas pelo caminho, que recendiam, esmagadas pelas nossas mãos. Sentamos no banco de um caramanchão, os enfermos nos rodearam sentados no chão, e Settembrini se pôs a declamar na melodiosa língua italiana, um poema de DAnnunzio,
Su le soglie del bosco non odo parole che dice humane,
ma odo parole piu nuove che parlano gotiole i foglie lontane...
A sonoridade dos versos me parecia reproduzir os pingos remanescentes da chuva caindo sobre o solo, sobre as folhas, a beleza da criação poética humana se mesclando à da natureza. Então, entre outros versos de imorredoura beleza, Settembrini falou de Carducci, Petrarca, Leopardi, Virgílio, poetas que ele amava. E da sua luta, que era a de todos os humanistas, contra a ignorância e a maldade, em favor da dignidade do Homem.
Como um professor consciente da sua autoridade, ciente da profunda atenção dos ouvintes seduzidos por suas belas palavras, falou da doença, da luta do Humanismo contra o conceito supersticioso de ser ela um nobre caminho para a perfeição do espírito, umcaminho para o céu. Na verdade, enfatizava ele, uma humilhação dolorosa do Homem, um insulto à idéia, um rebaixamento que, no caso individual, pode merecer tolerância e cuidado, mas seria uma aberração homenageá-la espiritualmente, sendo ela o início de todas as demais aberrações espirituais.
Uma enferma se referiu ao fanatismo religioso de todos os tempos, gerador de violência, guerra, sofrimento, morte, qualquer que fosse o nome da crença e dos povos que a tinham. Da repulsa que lhe causava o sacrifício de animais, enfatizando a morte de cordeiros em cerimônias sangrentas ainda vigentes, dóceis animais, vítimas inocentes de religiões inexplicáveis.
- Somente através do trabalho, através do progresso, o Homem será libertado da ignorância e da superstição, completava Settembrini.
Ponderei que os erros dos homens nem sempre eram evitáveis, dado que podíamos traçar os rumos para nossa vida, porém rumos que forças universais condicionam. Mas Settembrini contra argumentava,
- A inteligência humana sairá vitoriosa do embate com tais forças. Basta que a razão humana queira ser mais forte do que elas, e logo o consegue. E falou com entusiasmo do princípio do movimento, da rebelião e do aperfeiçoamento do mundo, que, por natureza, não é um princípio muito pacífico já que teria que vencer grandes obstáculos antes de triunfar em toda parte e antes de se realizar a república universal, grande e feliz”
Alguém citou Lutero queimando a Bíblia em reivindicações de livre interpretação, atitude que certamente fora um dos fatores do Iluminismo.
- E da fogueira luterana surgindo centenas de outras igrejas, numa verdadeira reação em cadeia, acrescentou outro, e cujos representantes, em sua maioria, muito ao contrário do libertário Lutero, se multiplicaram com suas verdades intocáveis.
Outro enfermo começava a lembrar o Buda, a compaixão e a eliminação dos desejos, como necessários a uma vida tranquila, quando foi interrompido por uma mulher que começou a chorar e enxugando as lágrimas com as costas das mãos, emocionada, falou sobre o filho morto, que Deus levara por sua insondável vontade, as falas a remetendo ao tempo dele criança, adolescente, moço, e que só lhe dera orgulho e alegria. E o acidente no trânsito, a morte em plena juventude. O sofrimento, a revolta, a dor da perda se estendendo por dias e noites. Só na religião encontrara algum consolo. Religião que procurava levar a outras mães e assim preenchendo o vazio da própria vida. Vida de mulher pobre, um dia mãe solteira, casada depois, mas filho nenhum. Pela vontade divina. Um dia aconteceria o reencontro, assim acreditava. Chorando, desculpava-se com Settembrini, mas só a religião a consolava da dor maior da perda, da saudade sem fim que a acompanhava.
Settembrini tomou-lhe as mãos, nada disse, chorou. Ele sabia ser tão grande no silêncio quanto expondo seus belos pensamentos.
Alguém lembrou que se pode destruir em minutos o planeta inteiro só com as armas de arsenais americanos e, numa reação em cadeia, atingir até o Universo longínquo, cujos limites nem podemos imaginar, mas não se pode devolver o filho à mãe que grita em desespero. Pode-se destruir uma vida sob quaisquer das suas formas, desde as mais simples às mais complexas, mas é impossível recriá-la.
Settembrini continuou calado, gentil e compassivo. Também me emocionara, ouvindo, pensando que a religião que eu desejava ainda não chegara. Religião de um tempo em que poder nenhum, divino ou humano, separasse mães e filhos. Um velho enfermo se perguntava até que ponto todos nós que não participáramos da vida do moço morto, que não cruzáramos seu caminho, éramos também inconscientemente responsáveis pelo seu prematuro fim terrestre. Pois nada lhe parecia individual quando se tratava do universo humano, num inter-relacionamento que parecia estender-se ao espaço sideral, ao universo inteiro. Responderíamos todos a um desígnio superior cuja explicação não se alcançaria, exceto pela fé? Ou a própria Natureza, indiferente à dor humana, comandaria a vida e a morte, nossa liberdade de escolhas nada mais sendo que uma ilusão, tendo em vista as nossas inteirações com outros fatores, definindo nossa jornada na Terra?
Um jovem se referiu a Nietzsche, o homem que tinha tido a coragem de desafiar seu tempo, propondo a vinda do Super-homem contra as forças da ignorância e do atraso, mas que se tornaria ele próprio um sub-homem, doente, ferido no que tinha de mais privilegiado, sua mente maravilhosa. Ele, que declarara ser humilhante a compaixão. E que acabaria por tornar-se objeto dela.
- A tragédia, acrescentou Settembrini, começa onde a natureza se mostrou para destruir, ou para tornar de antemão impossível a harmonia da personalidade associando um espírito nobre, cheio de vitalidade a um corpo pouco apto para a vida.
Alguém se levantou. Era um homem pequeno, magro escanhoado, de uma fealdade chocante. Apresentou-se como Naphta. Olhou-nos de tal modo que era como se soubesse ser ele o portador da verdade única, que expôs em palavras candentes,
- Todos os castigos da Igreja, inclusive a fogueira, inclusive também a excomunhão, foram impostos para salvar as almas da pena eterna. Toda justiça que não brote da fé no Além é uma sandice bestial. E quanto ao aviltamento do homem, sua história coincide exatamente com a do espírito burguês. O Renascimento, A Época das Luzes, as ciências naturais e a economia política do século XIX, não ensinaram nada, absolutamente nada, que desfavorecesse esse aviltamento, começando pela nova astronomia, em virtude da qual o centro do universo, o magnífico cenário onde Deus e o Diabo disputaram a posse da criatura por ambos almejada, foi transformado num insignificante planetazinho e que pôs um fim provisório à grandiosa posição do homem sobre a qual se fundava a astrologia. A fé é o órgão do conhecimento e o intelecto é secundário.
Fez-se silêncio perante a convicção do orador, ninguém querendo contradizê-lo.
Mas, um velho enfermo, com voz tranquila, como se desculpando, falava,
- Não se pode excluir da existência os nobres ideais de que nos fala Settembrini, razão de ser de uma vida, rumo à dignidade do ser humano. Como também não se pode excluir a fé religiosa de que fala Naphta. Nenhum de nós, como ensinou Platão, pode contemplar a verdade inteira. Sabemos desintegrar uma gota de água, mas não como reconstruí-la, como sabiamente já se falou aqui em termos de vida humana. Que somos nós? Nosso corpo, nossas ideias e emoções, tudo energia num círculo vicioso, de que falava esse Nietzsche enlouquecido, condenados a um eterno retorno? Como saber? Quem é o Criador de tudo? Nossa mente não alcança. Tracemos, pois um caminho de respeito ao próximo, a suas ideias, emoções e crenças.
Sua voz ainda provocava diferentes reações, quando Dr. Thomas, o médico pneumologista se aproximou, pedindo-nos que voltássemos aos leitos.
Um a um, enfermos foram retornando aos quartos, às enfermarias, as tosses ecoando pelos caminhos. Settembrini me conduziu ao quarto, sorriu, tirou o casaco úmido. Vinda do corredor, ouvimos a sarcástica gargalhada de Naphta. Então começou a tossir, o sangue escorreu do nariz, seu lenço branco se avermelhou. Passado o acesso de tosse, consternado e pálido, despediu-se e entrou no livro.
Com o passar do tempo, a memória perde conteúdos de pouca importância, porém o registro do essencial no transcorrer da vida é preservado, ensinam os cientistas. São nítidas as minhas lembranças. Mas, hoje me pergunto se tais fatos ocorreram mesmo ou passageira alucinação, fruto do feitiço daquele personagem sedutor de A Montanha Mágica de Thomas Mann, o romance que eu lia no hospital. Penso também nos medicamentos tomados. Na existência, não se sabe como, se redefinindo em outras paragens.
Como quer que seja, ainda hoje, anos passados, vejo Settembrini num gesto de nobreza daqueles que, como ele, acreditam na redenção do Homem pelos instrumentos da ciência, da razão e da beleza.
Pensas que é mar! Desconcertante oceano azul com correntes gélidas e silêncio arrebatador, com águas glaucas e gosto de lágrimas insalubres, que migrando sob distintos rumos afunda naves em grandes naufrágios, em revoltos maremotos. O Deus Netuno mostra sua força, buscando mistérios escondidos em cavernas, por vezes mostra-se calmo e disfarça, acalentando a velha canoa ancorada na praia, num pacato bailado de melodia dissonante. Atinado, insidioso, mar fatalmente traiçoeiro, organismo absoluto poderoso com ondas ferozes, abatimento mortal, faz desaparecer ínsulas, escava rochas, revela sua fúria e exibe o interior da íngreme falésia de taludes de tons alaranjados e cor de mel. Amado... Não és mar! Não és raso e nem esse fundo arrasador! Conheço-te! Não és espuma, nem sal! És rio! És doce! E procuras navegar novos leitos, és água que verte, Você... Rio menino, rio que transborda,
rio que contorna os obstáculos, rio que extravasa a procura de novos canais, rio que flui, Água doce que preenche a cisterna, que banha o solo, que traz esperança, que faz brotar o sustento, que transborda a moringa, És Rio doce, rio Menino! busca a correnteza, busca novas aventuras, em noite banhada de luz, seus olhos reluzem, cor de avelã. Amado... Você sai à procura de um lugar de cavas profundas, lugar que encontrará o justo repouso, rio banhando, rio aguando, Eu? Sou leito árido, Você... Rio que mata a minha sede!
É incrível como tudo na natureza e no nosso universo está conectado de alguma forma. Um exemplo dessa doce conexão são os rios e as estrelas. Os rios são muito abundantes na região Norte do Brasil que é onde moro. Morar em lugar que tem rio é muito bom, pois durante o dia eles podem servir de meio de transporte, principalmente nas regiões um pouco mais afastadas das cidades e podem proporcionar diversão, pois sempre é possível dá um mergulho e nadar neles. Um banho gelado que acalma um pouco o calor. Já durante a noite os rios se transformam em um lindo espelho da Lua e das estrelas. Tanto que tem até uma lenda indígena que fala de uma índia que mergulhou atrás do reflexo da Lua por acreditar se tratar da própria Lua que ela tanto admirava. E em um local com muitas árvores é quase como se as estrelas ficassem mais brilhantes, mais felizes por não terem que competir com as luzes artificiais da cidade. É como se por alguns momentos o próprio rio adquirisse um pouco do brilho delas. Na natureza admiramos as muitas belezas da criação de Deus. O ser humano quer chegar cada vez mais perto das estrelas, sem entender que elas já estão perto dele. Basta ele se conectar com a natureza para as admirar em toda sua beleza. Os olhos humanos assim como os rios são espelhos das lindas estrelas.