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Contos das Estrelas

Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)

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Sobre Natureza, Cora Coralina e o poema de Bere Ramos

por talesforlove, em 12.07.23

Sem dúvida, faz muito sentido agradecer o belíssimo e ritmado poema de Bere Ramos. 

Se este trabalho não existisse, é bem provável que neste blog o trabalho de Cora Coralina nunca tivesse a devida atenção. O que seria uma falta enorme.

Fica aqui um poema por Cora Coralina, que nos evoca a terra, a natureza e a sua beleza forte e dominadora.

 

O Cântico da Terra, por Cora Coralina

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

 

E ainda a frase:

"Fiz a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores."

 

Mais informação sobre a autora e sobre o seu trabalho em:

https://www.pensador.com/autor/cora_coralina/

e

https://www.ebiografia.com/cora_coralina/

 

Em tempos de Verão, para os leitores no Hemisfério Norte, fica aqui uma sugestão de leitura que nos remete para as Levadas da Madeira mas no Centro de Portugal Continental... Surpreendente.

https://caminhosmil.blogs.sapo.pt/pr8-rota-da-laranja-valadares-21353

 

Até breve.

As Tribos, A Cidade e uma música de Caetano Veloso

por talesforlove, em 24.12.21

Caras Amigas e Amigos Leitores(as) e Autores(as),

 

É com alguma melancolia, que verifico que se aproxima o Natal e sobretudo o final do ano de 2021. Este ano foi marcado por várias situações de saúde desagradáveis para as quais muito contribuiu a Covid-19. Todavia, a poesia resistiu.

A Antologia Natureza, no seu primeiro volume em papel, o Número 0, contém, entre muitos outros trabalhos o seguinte por Luís Amorim. “As Tribos” fala-nos de beleza e natureza, aves e pessoas, criando um texto com um toque de “magia”.

 

As Tribos, Luís Amorim, Portugal

 

Tantas árvores desciam pelos vales que tínhamos pela frente num postal de beleza paisagística a fazer jus ao que de melhor a natureza poderia oferecer. Com ela a fauna ia voando parecendo não ter poiso certo ou talvez querendo apreciar toda a envolvência tão natural. Atentamente observámos até surgir a pausa de aves onde escolha recaiu. Foi numa das partes mais verdejantes e com ausência de humana intervenção. Mais à frente, onde boa opção de fauna não se verificava para o poiso que atrás referimos, o ser humano já lá deixara marcas suas. Não eram pegadas simples, antes complexos vestígios onde não nos era possível vislumbrar começo e fim, muito menos divisões individuais. A tal fauna tinha na envolvência do poiso dito toda a flora que necessitava enquanto na rejeitada zona nada tinha que a pudesse cativar, para além da sua natural aversão ao que os humanos costumam apelidar de progresso. Em vias de chegar a ele ou do nosso recatado dito posto narrativo, em trânsito para o seu destino caso surpresas não se antecipassem. Tribo ali por diante decidiu que o melhor caminho para o progresso tão indispensável chegar seria a subtração de natureza e nestes tempos últimos antes de nós aqui chegarmos para a narrativa, trataram de fazer das suas que é como quem diz «Isto agora tudo nosso é e nem sequer pausa iremos fazer pois fauna não somos nem flora precisaremos.» Mas como em parte qualquer que o mundo tenha, tribos nunca irão faltar, pensando diferente umas das outras. E se houve tribo que antes deu aval para o que se passou por ali no antes, tribo nova surpreendeu-nos porque já vinha a caminho numa longa comitiva para o desfazer tido como tão urgente. Até se questionavam entre eles, os membros efetivos tidos como de direito à admissão que igualmente acontecido tinha no antes da chegada nossa, sobre a presença de artefactos sem falta. Sim, porque para desfazer o mal que vinha de um atrás, longínquo não muito, preciso ser poderia uma série de ferramentas que porventura no inicial momento do que ali constava não foram chamadas à presença. Legislativamente tudo no tratado se encontrava e a fauna até bem aplaudia como se tivesse lido o legislativo manuscrito que também vinha na comitiva. Esta como foi dito ou escrito um pouco mais atrás, longa era pois a primeira secção era a tribo do desfazer e a segunda constante era a tribo do fazer pois que a natureza requer sempre uma intervenção ativa para o crescimento que vem sempre depois do verbo semear. E a do fazer, informados fomos no a seu tempo devido, também era acertadamente designada por tribo do semear. A fauna alegremente voava pois antecipava o que aconteceria no futuro quase a dar-se como presente, até pelo debandar da tribo primeiro apresentada, discretamente pelo lado oposto, eventualmente com diversas compensações, mas isso já a fauna lido não tinha no tal manuscrito que acompanhava a comitiva.

 

Por hoje, apresenta-se apenas com outro poema, um clássico, talvez possamos dizer, escrito por Sophia, através do qual ela nos fala da nostalgia de não contactar com a natureza quando se vive numa cidade. Afinal, muitos de nós somos hoje cada vez mais impedidos de ter um tempo de qualidade em contacto com a natureza, e eventualmente, incapazes de perceber o quanto esta pode sofrer com a nossa ação pouco inteligente, por exemplo, ao usufruir de uma alimentação pouco equilibrada e/ou excessiva, algo que, a ser analisado, seria com uma análise longa.

 

A Cidade, de Sophia de Mello Breyner Andressen, Livro Sexto

 

Cidade, rumor e vaivém sem paz nas ruas,

Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,

Saber que existe o mar e existem praias nuas,

Montanhas sem nome e planícies mais vastas

Que o mais vasto desejo,

E eu estou em ti fechada e apenas vejo

Os muros e as paredes e não vejo

Nem o crescer do mar nem o mudar das luas.

 

Saber que tomas em ti a minha vida

E que arrastas pela sombra das paredes

A minha alma que fora prometida

Às ondas brancas e às florestas verdes.

 

 

Para terminar, talvez por este ano, com uma música de Caetano Veloso, que todos reconhecemos e que nos fala de leões, ou seja, nos fala de natureza de uma forma poética.

 

 

Até breve.

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