Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)
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Hoje partilhamos entrevista a Autora que venceu um dos prémios do Concurso Natureza. Devido à natureza do seu projeto, opta-se por manter o anonimato.
O projeto...
No pico da pandemia e do confinamento comecei a enviar, por email, um poema por dia aos meus contactos mais próximos como forma de dizer “bom dia”. O grupo continua a crescer até hoje. Em troca, recebo as reações mais incríveis por fazer parte das suas vidas.
Atualmente o grupo reúne cerca de 100 leitores.
Qual o contexto pessoal que mais a marcou?
Foi o facto de perceber que a poesia é um meio privilegiado para abrir portas que nem imaginava que existiam. Com a poesia encontrei um grupo de pessoas que, até hoje, leem diariamente os meus poemas e muitas delas respondem-me como forma de agradecimento e de partilha. Aprendi também que a poesia não tem de estar fechada num livro, pode ser exposta numa árvore... partilhada de mil e uma formas!
Qual o poema considerou mais feliz?
Impossível escolher um. Esta aventura de Um Poema por dia (via email) começou há mais de dois anos… são muitas criações, cada uma com a sua história… Alguns foram premiados mas nem por isso são os meus preferidos. Penso que deve ser como com os filhos… cada um com os seus encantos…
Autora das obras "Escrito na Água" e "A Rapariga no Comboio"
O que ser escritora significa para si? Escrever é mais uma vocação que uma profissão: sou suficientemente sortuda para poder ganhar a vida a escrever, mas penso que escreveria – tal como sempre escrevi – mesmo que eu não fosse publicada. Desde a infância sempre tive grande prazer em escrever histórias: todavia foi apenas quando cheguei aos meus 30 anos que ganhei confiança suficiente para mostrar essas histórias a outras pessoas, mas a necessidade de criar ficção nunca me abandonou.
Que período da sua vida pensa que mais influenciou a sua escrita? Possivelmente a fase final da minha adolescência ou os meus vinte anos mais jovens que correspondem ao tempo em que abandonei o Zimbabué, onde cresci, e em que me mudei para Londres, onde vivo atualmente. Esses anos foram agitados, e frequentemente solitários – escrevi muito durante esse tempo. Aos dezanove anos, mudei-me para Paris e vivi lá durante um ano. Essa foi a primeira vez que vivi sozinha, numa cidade estrangeira, a falar uma língua que eu tentava dominar mas com dificuldade. Foi solitário, novamente, mas excitante também.
É possível para um escritor criar o seu trabalho sem ter em conta os sentimentos das pessoas em seu redor? Penso que talvez seja possível, embora eu não esteja certa que tal deva suceder. Escrever é, para mim, um exercício de empatia, na compreensão dos outros, em ser capaz de se colocar na posição do outro e imaginar os seus pensamentos e sentimentos. Assim, seria estranho, se ao imaginar os pensamentos e sentimentos de personagens ficcionais, ignorássemos os sentimentos das pessoas reais da sociedade em que vivemos.