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Contos das Estrelas

Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)

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Feliz 2024: com natureza e poesia

por talesforlove, em 31.12.23

Desejamos um 2024 com Saúde, Paz e Alegria.

Relembra-se que estamos a divulgar o livro solidário "Uma Cozinha de Sonho".

Mais informação aqui:

http://www.medicina.ulisboa.pt/o-livro-uma-cozinha-de-sonho


Ficam os três primeiros classificados na categoria poesia, no Concurso Literário Natureza África 2023:

1º lugar
“Sou uma miscelânea de nada”, por Diogo Esteves (Portugal)

Sou uma miscelânea de nada
És a minha raiz
o meu tronco
tu, meu continente
descontente
minha origem
terra parideira
sem eira nem beira
ponto de partida
de uma evolução pouco evoluída
de uma vida
que pela cor me escraviza
devora, demoniza
e na hora da despedida
da avenida da existência
só tu, grande mãe
me levas pela mão para fora do jardim
onde pequei.
Sou negro, sou azul
sou vermelho
sou um espelho do que sou
sou teu fruto
que desde puto
quer regressar ao útero
de tribal música
nas entranhas
da omnipresente negrura
que me tinge o sangue.
Sou África
ou não sou nada!

 

2º lugar
“Plantas”, por Nélio José (Nampula – Moçambique)

Veio o nascer, o embrião da vida,
E depois a planta, vigor renascido.
Cresce e paira, entre nações, na África,
Eterniza-se como sinônimo de riqueza abstrata.
Verdes como nunca, a promessa da terra,
Brilhantes sempre, no sol que encerra.
Bonitas feito chuvas que acariciam,
Plantas, o eterno selo que a África herda e guia.

 

3º lugar
“Árvore da vida”, por Patricia de Campos O. (Portugal)


Embora fique quieta
No mesmo lugar
Se maltratam, afeta
É viva, e não pode falar.
Só quem é perspicaz
Nota os seus sinais
Pela cor das folhas
Flores dadas, e mais.
Se produz frutos
Ou aparenta tristeza
A árvore está de luto
Emudece a beleza.
É onde tudo começa
O nutrir, a respiração
Reflorestar é remessa
Para a justa reparação.
Em silêncio, converse
Elas podem te ouvir
Depois, inspirado, verse
Árvore é vida a insistir.

 


Que 2024 tenha poesia e harmonia!

Até breve

Poemas pelo Líbano

por talesforlove, em 01.10.23

Hoje aqui ficam alguns poemas a recordar a tragédia ecológico-humana no Líbano.

Líbano esse país de vida muito particular e que tem uma árvore na sua bandeira: o Cedro-do-Líbano, árvore de vida e de fascínio.

Fica ainda a referência às duas barragens que foram destruídas, e referir que as barragens são estruturas que têm a sua utilidade enquanto geradoras de energia elétrica a partir de fontes de energia renováveis mas, também têm um impacto negativo no ambiente, por exemplo, climático.

Recomenda-se uma busca na internet para poderem ser verificados os detalhes destas referências.

Em Portugal, um exemplo de contestação a novas edificações em cimento, devido ao seu impacto ambiental é o movimento de proteção da Quinta dos Ingleses. No Instagram em #sosquintadosingleses

 

Agora, o convite a ficarmos com alguns dos poemas contidos na nova Antologia Natureza 2022-2023.

 

Homo Tellus”, por Maria Santiago

 

Iluminava-lhe os dias

Enche-a o de delícias

Afagando-o em minhas carícias

Perfumando todos os seus dias

 

Entretanto Fizeste-me de escória

Correndo toda a sua sorte

Pois fadado está ao fracasso

Sem eu que te revolve

 

Hoje sou flores

Mas amanhã serei espinhos

Posso até ser onda tranquila

Mas posso naufragar os seus navios

 

Sem eu que lhe sustente

Não há nada a se fazer

Procuras na ferragem

Quem saberá se a de ser

 

Posso ser neblina

Ou talvez um furacão

Mas prefiro ser salmoura

Para te ver cair de exaustão

 

 

Corroendo até aos ossos

Seu rosto desfalece e cai

Mas insiste constantemente:

Pegarei muito mais!

 

O que farei eu agora

A este pobre fedelho da terra

Não aprendeste com a vida

Que do que se tem

Nada se leva

 

Quem dera se aceitasse o amor

E desse fim ao rancor

E num abrir de olhos

Resinificasse sua história

 

Restasse as raízes que me prendem a você

Para que assim pudesse entender

E em perfeita sintonia pudéssemos ser

Um todo.

 

PASSEANDO NO PARQUE”, por Alberto Arecchi

 

Um banco na clareira,

entre os círculos de cogumelos,

os "círculos de bruxas".

O riacho gorgolejando.

Duas pegas loquazes parecem

brincar ou lutar entre os galhos

de choupos e amieiros.

Um rato corre rápido.

Espero ver o coelho branco de Alice.

 

Nas vastas planícies alteadas por monturos a que nos rodeiam,” por Guilherme Nélio

 

Lar - tão ignorado e subtratado

Uma fumaça de Amazônia queimada

Crime estúpido,

E um breu branco, gasoso de umidade quase nula

Preenche o espaço aeral desse torrão amarelado

Pontilhado esparçamente por pontos coloridos

Flores -

Árvores floridas

Essa aridez desumana

Causada por inumanos

Fabrica no meus olhos uma cera protetiva

Mas, de vanguarda constituída de nostalgia

Tenho saudades do meu futuro

Tenho saudades do nosso futuro,

Que queime e rache esta terra

E tudo não passe de cinzas e brasas

Mas depois, um tempo depois, um ar mais puro

E no rio de genes que corre pelo tempo, estaremos em outro modo de diluição,

Essas tochas de cor em meio ao opaco não natural

Recendem como pequenos redutos resistentes

Em meio ao progresso

Testemunhas vivas da lâmina e do desgaste

Me tornam testemunha viva da florada e da beleza que pode ter a frágil e indestrutível

postura de afago e consciência no mundo

Consciência não é razão;

Parêntese;

As cores das árvores de minha terra florescem no FOGO

E não se vendem

Não se vendem

Compreendido!?

Um ar de calmaria e tempestade

De resolução que nunca cessa, impossível

E

Tudo é possível, Tudo é possível

Só eu Impossível,

Plágio.

Qual a extensão de espaço será queimado,

Antes que cheguem as nossas vezes?

Imbecis supersticiosos, atiçadores do fogo

Um tanto porque não nos ensinaram outra forma de existir

E um muito porque não nos interessamos em tomarmos outro eu no sacrifício e no

êxtase de nós mesmos

Não ousamos praticar o, nós mesmos

 

Inconsciente, subconsciente, etéreo, carnal, doido e prazeroso,

Queimaremos no fogo que foi alimentado na ganância e no capetal

E quando ardendo nas chamas clamarmos, já será muito tarde

Quando acordamos e quisermos reagir

Poderá ser muito tarde

Inclusive os lucrões e lucradores

- Verdadeiros ladrões do mundo -

Arderão até o fim, gemendo e rangendo de dor

--se ainda não tiverem inventado o disco voador, ou seja, se ainda não tiverem

reinventado a roda

, mas as chamas são intergalácticas, inescapáveis,

Restará apenas o ipê que renasce nas cinzas,

Com suas soberbas cores e flores, e sua humildade nas chamas

Num vasto e delicioso, mundo mulher

 

 

Enflorada”, por Guilherme Nélio

 

Ouro dourado

Nao vale nada perto das cores

Do meu sertão

Que dira perto das flores

Ypê, .......

Rosa

Amarelo

Branco

Roxo

Cachos de gozos

Pétalas de vida na sequidao

Sensibilidade

Do tronco de casca grossa

Que nos ensina a ser gentis

Tinges de luz, o azul único desse ceu

Cor já tão linda, única

Enobreces o significado

de celeste

- tronco retorcido - tinges de amor o céu do meu cerrado

Quem dera as pessoas aqui se abrissem como cada florada sua

A

M

O

R

E

C

E

R

R

A

D

O

S

E

N

D

O

Ensina-me mais

Estou atento a ouvi-lo

Ve-lo

Ama-lo

Goza-lo

Que A cegueira nao te destrua

Que Tua beleza e potencia nos acorde antes

 

Se o bandeirante aqui recém chegado se enfeitasse de suas flores e deixasse o trabuco

de lado

Nossos emblemas poderiam ser diferentes

Menos guerra e mais carinho multiplo

Menos dor

Possível é a mudança

Troquemos as armas

Pelas flores

Ainda evoluiremos ao nivel

Da florada

 

 

METÁFORA DA VIDA”, por Janaína Bellé

 

Zeus

 

Amanhece, a metáfora da vida nasce

Impondo-se em cada lágrima podada

O dia se veste da diversidade de sons

A Luz presente permanece eternizada

 

O vento sopra memórias à neófita órfã

Rompendo o silêncio, soluça aspirações

Pássaros assoviam cânticos assimétricos

Compondo liberdade nas contradições

 

A água verte no Amazonas, incontida

Que, murmurando, dá esperança à vida

Transbordando na cascata do seu olhar

 

Um intruso trovão registra a assinatura

E a tela celeste recompensa a sepultura

Destino, efêmeros entes, ao desencarnar

 

 

 

Quero Viver”, por Pâmela Silva

 

Quero a vida das árvores

Que firmam suas raízes

E dão aos seres viventes

Abrigo, alimento, sombra, ar puro

Contribuindo para biodiversidade.

 

Quero a vida dos rios e mares

Por prover água consumida

Por toda a humanidade e em conservar

Alimentos e plantas necessários

Em navegações, abrigando animais marinhos.

 

Saiba que somente 95,5%

Da água terrestre é salgada

É apenas 2,5%

É de água doce como podemos preservar

O nosso sagrado ciclo hidrológico?

 

Planeta Água

Você é meu abrigo quero viver

Em seu domínio pois, ter você

Em nossa terra é estar em equilíbrio.

 

Não cabe numa mão e vai

Além de qualquer pensamento

Água é vida não podemos desperdiçar

Para amanhã lágrimas de sangue

Novas gerações não venham derramar.

 

Quero a vida do sol

Ao fornecer calor e fonte de energia

Luz para clarear o nosso dia a dia

Produzindo em nós vitamina D

Promovendo bem-estar e alegria.

 

 

IMPRÓPRIA PARA BANHO”, por Raquel Taffari

a criança que ontem catava conchinhas na praia, hoje brincava de espetar bolinhas pretas espalhadas na areia

o surfista que encontrava na prancha a sua medicina, hoje escorregava no óleo da ganância humana

o mar que entregava água-viva e estrelas em plena luz do dia, hoje trazia a morte esculpida em formas artificiais

as pessoas que cuidavam da vida na terra e no manguezal, hoje derramavam pesares sobre o óleo que invadia o litoral nordeste

os objetos plastificados que estão na sua, na minha, nas nossas casas, hoje apareciam naquelas manchas de petróleo

e a limpeza que em algum momento seria feita pelo governo, acontecia agora pelo mutirão da comunidade

 

1 milhão de barris de petróleo cru em alto mar parecia pouco para o que acontecia na paisagem e na consciência de todos nós

o calor contaminante estava pesado

mas a praia que ontem refrescava nossas vidas na hora do almoço, hoje estava imprópria para banho

 

Até breve.

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