Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)
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Ficam os três primeiros classificados na categoria poesia, no Concurso Literário Natureza África 2023:
1º lugar “Sou uma miscelânea de nada”, por Diogo Esteves (Portugal)
Sou uma miscelânea de nada És a minha raiz o meu tronco tu, meu continente descontente minha origem terra parideira sem eira nem beira ponto de partida de uma evolução pouco evoluída de uma vida que pela cor me escraviza devora, demoniza e na hora da despedida da avenida da existência só tu, grande mãe me levas pela mão para fora do jardim onde pequei. Sou negro, sou azul sou vermelho sou um espelho do que sou sou teu fruto que desde puto quer regressar ao útero de tribal música nas entranhas da omnipresente negrura que me tinge o sangue. Sou África ou não sou nada!
2º lugar “Plantas”, por Nélio José (Nampula – Moçambique)
Veio o nascer, o embrião da vida, E depois a planta, vigor renascido. Cresce e paira, entre nações, na África, Eterniza-se como sinônimo de riqueza abstrata. Verdes como nunca, a promessa da terra, Brilhantes sempre, no sol que encerra. Bonitas feito chuvas que acariciam, Plantas, o eterno selo que a África herda e guia.
3º lugar “Árvore da vida”, por Patricia de Campos O. (Portugal)
Embora fique quieta No mesmo lugar Se maltratam, afeta É viva, e não pode falar. Só quem é perspicaz Nota os seus sinais Pela cor das folhas Flores dadas, e mais. Se produz frutos Ou aparenta tristeza A árvore está de luto Emudece a beleza. É onde tudo começa O nutrir, a respiração Reflorestar é remessa Para a justa reparação. Em silêncio, converse Elas podem te ouvir Depois, inspirado, verse Árvore é vida a insistir.
Hoje aqui ficam alguns poemas a recordar a tragédia ecológico-humana no Líbano.
Líbano esse país de vida muito particular e que tem uma árvore na sua bandeira: o Cedro-do-Líbano, árvore de vida e de fascínio.
Fica ainda a referência às duas barragens que foram destruídas, e referir que as barragens são estruturas que têm a sua utilidade enquanto geradoras de energia elétrica a partir de fontes de energia renováveis mas, também têm um impacto negativo no ambiente, por exemplo, climático.
Recomenda-se uma busca na internet para poderem ser verificados os detalhes destas referências.
Em Portugal, um exemplo de contestação a novas edificações em cimento, devido ao seu impacto ambiental é o movimento de proteção da Quinta dos Ingleses. No Instagram em #sosquintadosingleses
Agora, o convite a ficarmos com alguns dos poemas contidos na nova Antologia Natureza 2022-2023.
“Homo Tellus”, por Maria Santiago
Iluminava-lhe os dias
Enche-a o de delícias
Afagando-o em minhas carícias
Perfumando todos os seus dias
Entretanto Fizeste-me de escória
Correndo toda a sua sorte
Pois fadado está ao fracasso
Sem eu que te revolve
Hoje sou flores
Mas amanhã serei espinhos
Posso até ser onda tranquila
Mas posso naufragar os seus navios
Sem eu que lhe sustente
Não há nada a se fazer
Procuras na ferragem
Quem saberá se a de ser
Posso ser neblina
Ou talvez um furacão
Mas prefiro ser salmoura
Para te ver cair de exaustão
Corroendo até aos ossos
Seu rosto desfalece e cai
Mas insiste constantemente:
Pegarei muito mais!
O que farei eu agora
A este pobre fedelho da terra
Não aprendeste com a vida
Que do que se tem
Nada se leva
Quem dera se aceitasse o amor
E desse fim ao rancor
E num abrir de olhos
Resinificasse sua história
Restasse as raízes que me prendem a você
Para que assim pudesse entender
E em perfeita sintonia pudéssemos ser
Um todo.
“PASSEANDO NO PARQUE”, por Alberto Arecchi
Um banco na clareira,
entre os círculos de cogumelos,
os "círculos de bruxas".
O riacho gorgolejando.
Duas pegas loquazes parecem
brincar ou lutar entre os galhos
de choupos e amieiros.
Um rato corre rápido.
Espero ver o coelho branco de Alice.
“Nas vastas planícies alteadas por monturos a que nos rodeiam,” por Guilherme Nélio
Lar - tão ignorado e subtratado
Uma fumaça de Amazônia queimada
Crime estúpido,
E um breu branco, gasoso de umidade quase nula
Preenche o espaço aeral desse torrão amarelado
Pontilhado esparçamente por pontos coloridos
Flores -
Árvores floridas
Essa aridez desumana
Causada por inumanos
Fabrica no meus olhos uma cera protetiva
Mas, de vanguarda constituída de nostalgia
Tenho saudades do meu futuro
Tenho saudades do nosso futuro,
Que queime e rache esta terra
E tudo não passe de cinzas e brasas
Mas depois, um tempo depois, um ar mais puro
E no rio de genes que corre pelo tempo, estaremos em outro modo de diluição,
Essas tochas de cor em meio ao opaco não natural
Recendem como pequenos redutos resistentes
Em meio ao progresso
Testemunhas vivas da lâmina e do desgaste
Me tornam testemunha viva da florada e da beleza que pode ter a frágil e indestrutível
postura de afago e consciência no mundo
Consciência não é razão;
Parêntese;
As cores das árvores de minha terra florescem no FOGO
E não se vendem
Não se vendem
Compreendido!?
Um ar de calmaria e tempestade
De resolução que nunca cessa, impossível
E
Tudo é possível, Tudo é possível
Só eu Impossível,
Plágio.
Qual a extensão de espaço será queimado,
Antes que cheguem as nossas vezes?
Imbecis supersticiosos, atiçadores do fogo
Um tanto porque não nos ensinaram outra forma de existir
E um muito porque não nos interessamos em tomarmos outro eu no sacrifício e no
êxtase de nós mesmos
Não ousamos praticar o, nós mesmos
Inconsciente, subconsciente, etéreo, carnal, doido e prazeroso,
Queimaremos no fogo que foi alimentado na ganância e no capetal
E quando ardendo nas chamas clamarmos, já será muito tarde
Quando acordamos e quisermos reagir
Poderá ser muito tarde
Inclusive os lucrões e lucradores
- Verdadeiros ladrões do mundo -
Arderão até o fim, gemendo e rangendo de dor
--se ainda não tiverem inventado o disco voador, ou seja, se ainda não tiverem
reinventado a roda
, mas as chamas são intergalácticas, inescapáveis,
Restará apenas o ipê que renasce nas cinzas,
Com suas soberbas cores e flores, e sua humildade nas chamas
Num vasto e delicioso, mundo mulher
“Enflorada”, por Guilherme Nélio
Ouro dourado
Nao vale nada perto das cores
Do meu sertão
Que dira perto das flores
Ypê, .......
Rosa
Amarelo
Branco
Roxo
Cachos de gozos
Pétalas de vida na sequidao
Sensibilidade
Do tronco de casca grossa
Que nos ensina a ser gentis
Tinges de luz, o azul único desse ceu
Cor já tão linda, única
Enobreces o significado
de celeste
- tronco retorcido - tinges de amor o céu do meu cerrado
Quem dera as pessoas aqui se abrissem como cada florada sua
A
M
O
R
E
C
E
R
R
A
D
O
S
E
N
D
O
Ensina-me mais
Estou atento a ouvi-lo
Ve-lo
Ama-lo
Goza-lo
Que A cegueira nao te destrua
Que Tua beleza e potencia nos acorde antes
Se o bandeirante aqui recém chegado se enfeitasse de suas flores e deixasse o trabuco
de lado
Nossos emblemas poderiam ser diferentes
Menos guerra e mais carinho multiplo
Menos dor
Possível é a mudança
Troquemos as armas
Pelas flores
Ainda evoluiremos ao nivel
Da florada
“METÁFORA DA VIDA”, por Janaína Bellé
Zeus
Amanhece, a metáfora da vida nasce
Impondo-se em cada lágrima podada
O dia se veste da diversidade de sons
A Luz presente permanece eternizada
O vento sopra memórias à neófita órfã
Rompendo o silêncio, soluça aspirações
Pássaros assoviam cânticos assimétricos
Compondo liberdade nas contradições
A água verte no Amazonas, incontida
Que, murmurando, dá esperança à vida
Transbordando na cascata do seu olhar
Um intruso trovão registra a assinatura
E a tela celeste recompensa a sepultura
Destino, efêmeros entes, ao desencarnar
“Quero Viver”, por Pâmela Silva
Quero a vida das árvores
Que firmam suas raízes
E dão aos seres viventes
Abrigo, alimento, sombra, ar puro
Contribuindo para biodiversidade.
Quero a vida dos rios e mares
Por prover água consumida
Por toda a humanidade e em conservar
Alimentos e plantas necessários
Em navegações, abrigando animais marinhos.
Saiba que somente 95,5%
Da água terrestre é salgada
É apenas 2,5%
É de água doce como podemos preservar
O nosso sagrado ciclo hidrológico?
Planeta Água
Você é meu abrigo quero viver
Em seu domínio pois, ter você
Em nossa terra é estar em equilíbrio.
Não cabe numa mão e vai
Além de qualquer pensamento
Água é vida não podemos desperdiçar
Para amanhã lágrimas de sangue
Novas gerações não venham derramar.
Quero a vida do sol
Ao fornecer calor e fonte de energia
Luz para clarear o nosso dia a dia
Produzindo em nós vitamina D
Promovendo bem-estar e alegria.
“IMPRÓPRIA PARA BANHO”, por Raquel Taffari
a criança que ontem catava conchinhas na praia, hoje brincava de espetar bolinhas pretas espalhadas na areia
o surfista que encontrava na prancha a sua medicina, hoje escorregava no óleo da ganância humana
o mar que entregava água-viva e estrelas em plena luz do dia, hoje trazia a morte esculpida em formas artificiais
as pessoas que cuidavam da vida na terra e no manguezal, hoje derramavam pesares sobre o óleo que invadia o litoral nordeste
os objetos plastificados que estão na sua, na minha, nas nossas casas, hoje apareciam naquelas manchas de petróleo
e a limpeza que em algum momento seria feita pelo governo, acontecia agora pelo mutirão da comunidade
1 milhão de barris de petróleo cru em alto mar parecia pouco para o que acontecia na paisagem e na consciência de todos nós
o calor contaminante estava pesado
mas a praia que ontem refrescava nossas vidas na hora do almoço, hoje estava imprópria para banho