Meteoros, poesia e um pouco de reutilização
Boa tarde.
Recentemente, começou a ser visível um fenómeno estelar que corresponde à chegada à atmosfera terrestre de meteoros oriónidas (ou oriônidas), os quais são visíveis sensivelmente entre 4 de Outubro e inícios de Novembro.
A seguinte publicação apresenta algumas fotos muito interessantes, retratando a beleza desta ocorrência:
https://sapo.pt/artigo/orionidas-eis-as-melhores-fotografias-da-chuva-de-meteoros-desta-noite-68f8abdbe810181be8eebf64
Esta semana, faleceu Francisco Pinto Balsemão que era um defensor da liberdade de imprensa e um blog deverá surgir nesse contexto de liberdade pelo que não se pode deixar de expressar os pêsames pelo desaparecimento de alguém comprometido com algo tão relevante. Aqui uma publicação para quem desejar saber mais:
https://eco.sapo.pt/2025/10/21/francisco-pinto-balsemao-1937-2025-o-jornalista-politico-e-empresario-que-ambicionou-deixar-o-mundo-um-lugar-melhor/
Também este mês é assinalado mais um ano após a tragédia dos fogos florestais em Portugal e entre várias notícias que podemos encontrar online, destacamos a seguinte:
https://www.noticiasdecoimbra.pt/15-de-outubro-de-2017-o-inferno-que-nunca-esqueceremos/
Para assinalar este facto, aqui partilhamos o poema “Uma pequenina luz” de Jorge de Sena por aludir, quase impercetivelmente, à esperança que deve existir sempre nas nossas vidas.
UMA PEQUENINA LUZ, Jorge de Sena - Catarina Guerreiro
Os poemas seguintes surgem no contexto do Concurso Literário Natureza 2025 e trazem um pouco de “ar fresco” sobre a forma como olhamos a natureza, ou pensamos nela.
Soneto da Defesa da Mãe Natureza, por Mar Ciano
Com ela, a Mãe, não têm Destreza
Que ódio para com quem cuida da Terra
O grande diz: sou o dono, só que erra
Quem planta, assim, cuida mãe natureza
Quem respeita a Bela Mãe de pureza?
Enquanto o mundo estiver em guerra
Na sua ruindade o ponto encerra.
Estarei, aqui, chorando na tristeza
Espera-se os belos pequis do norte
Ainda estejam todos em floração
Assim que todos nós partirmos
O mundo estará em oração
O nosso bioma, um dia, decidirmos
Defender dos que nos almejam a morte.
Borboletra, por Liliane N.
Largar
ta
no
em ti
n’erário
da borboleta.
Não é alter
nativa,
e sim uma
Oriente ação.
Vou ar
Fogo
Terra
Água
E
ter
Força
para,
ao
cansar,
seguir
Cá
Sã
-ando.
O corpo é casulo
na natureza da vida.
Nesta mesma vida,
sem uma outra ex-pressão,
borbo letramos.
O poema seguinte vem de Angola e ajuda-nos a recordar que está a decorrer o Concurso Literário Natureza África. Mais informações aqui:
https://contosdasestrelas.blogs.sapo.pt/concurso-literario-africa-mocambique-194439
O Coração Triste de um Jovem Sonhador, por Kemba Ntando
Numa cidade de muros cinzentos,
caminhava um jovem com passos leves,
como quem carrega dentro do peito
um peso que o mundo não vê.
Chamavam-no de sonhador,
não porque alcançava estrelas,
mas porque, mesmo ferido,
insistia em erguer os olhos para o céu.
O seu coração, triste como um outono sem cores,
guardava segredos de perdas e silêncios.
Ali, entre as rachaduras da alma,
floresciam lembranças como ervas daninhas:
o riso que partira cedo,
a mão que já não o amparava,
os dias em que foi invisível.
E, ainda assim, havia nele
um rumor de esperança —
um pássaro ferido que não sabe voar,
mas canta, mesmo de asa quebrada.
Os que passavam riam dele,
chamavam-no fraco, inútil,
diziam que sonhar era desperdício
num mundo feito de pedra.
Mas ele respondia apenas com silêncio,
porque sabia:
as pedras também se desgastam,
e os sonhos, não.
À noite, deitava-se sob um céu de enigmas,
contando estrelas como quem conta cicatrizes.
Cada estrela era um desejo não realizado,
cada cicatriz, uma história que o moldara.
E no centro da escuridão,
ele imaginava uma voz —
talvez divina, talvez apenas sua —
sussurrando: “Continua.”
No coração triste do jovem sonhador
não havia grandiosidade,
apenas resistência.
Resistência de quem perdeu,
mas não se rendeu.
De quem chorou,
mas ainda escreve versos com as próprias lágrimas.
Um dia, talvez o mundo perceba
que ele não sonhava por vaidade,
mas por necessidade:
porque sem sonho,
o coração já teria parado.
E se há algo que nunca lhe roubaram,
foi essa chama invisível,
esse fogo quieto que arde no fundo dos olhos,
e que, mesmo triste,
faz de um jovem comum
um eterno construtor de impossíveis.
Seguidamente, apresentamos dois projetos sociais com causas muito distintas, que se expressam através da arte.
O primeiro projeto, nas Caldas da Rainha, lembra que nunca devemos desistir.
Artistas Pintores com a Boca e o Pé
https://apbp-portugal.pt/
O segundo projeto também é um exemplo de perseverança, mas tem uma forma diferente de se expressar. Está apenas disponível em Lisboa até finais de Dezembro de 2025. Mais informação aqui:

A sugestão ecológica que aqui deixamos hoje é a reutilização…
Aquele saco de plástico que vai deitar fora, pode ser ainda uma proteção de uma planta quando o mau tempo surge. Aquele livro que já não lhe interessa pode ainda ser utilizado por outra pessoa e ajudar a trazer algo de novo à sua vida, o que não sucederia se simplesmente o deitasse num qualquer caixote do lixo. São muitas as possibilidades de reutilização e cada um de nós poderá encontrar uma situação em que esta seja possível.
Alguns eventos literários:
(i) Festival Internacional de Poesia do Porto (https://www.flipp.pt)
(ii) Salão do Livro na Suíça (18-22 Março 2026) www.institut-cultive.com
(iii) Feira do Livro de Paço de Arcos de 7 de Novembro (6ª feira) a 15 de Novembro (Sábado). No Mercado de Paço de Arcos, o qual fecha ao Domingo e 2ª feira.
Até breve.