Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)
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Nestes tempos conturbados, nunca será de mais relembrar que é necessário manter a paz de espírito, e para isso o mar pode ser uma solução. O poema seguinte é um bom indício do que se acaba de referir.
Submarino, Renato TouzPin, Brasil
Submarino Submergir do raso para o fundo. Para longe do ficar ao acaso, De braços bem dados, Mergulhados com o profundo. Banhar-me com águas-de-cheiro colhidas em jardins próximos aos corais mais coloridos. Reconhecer que distante de mim, Eu era desconhecido, seco, sozinho. Catar conchinhas, pérolas e estrelas, no céu marino. Pegar carona com golfinhos, pescar sereias, cavalgar cavalos marinhos. Permissão a Neptuno para ali enamorar. Para bons fluídos, a bênção de Iemanjá. Ao emergir, afobado, sentir saudades das guelras que davam-me ares, E, com isso, emarasmar. Entediar-me. Em minha ilha me isolar. Agora, mesmo que contra correntezas e marés, A favor de minhas ondas, irei remar. E, para reproduzir, rio acima irei nadar. Gerar vivas nascentes, quentes cores refratar. Dar um tempo da mesmice. No subconsciente, de cabeça, mergulhar. Fazer dos mares meu quintal, dos oceanos o meu lar. De uma vez por todas e enfim amarar. Mudar da superfície. Me aprofundar no mar. Meu desejo mora lá. Quero namorar. Quero lá morar. Sumir um pouco da terra. Ir no mar morar.