Dois poemas do Brasil
Hoje partilhamos dois poemas do Brasil.
Sem nome, por Viviane P. (Brasil, 2021)
Eu queria viver em um mundo de sonhos dourados!
Mas, a realidade é uma floresta cheia de perigos e desafios.
Não sei como permanecer serena diante de tantos horrores.
Como manter o meu olhar nas flores que eu sei que ainda estão pelo caminho
quando o que os meus olhos enxergam é dor e solidão?
Não, não, me recuso a ser assim infeliz para sempre.
Eu quero viver no mundo de promessas que minha infância me mostrou nos livros de contos de fadas!
Quero reis e rainhas que não adoecem nunca,
quero viver em um castelo
poupada da desilusão de ser apenas um humano fadado à morte!
Ainda que eu saiba que são desejos inatingíveis ,
deixe-me sonhar ,
porque é isso que torna minha travessia por esses campos áridos possível.....
I wanted to live in a world of golden dreams!
But the reality is a forest full of dangers and challenges.
I don't know how to stay calm in the face of all these horrors.
How do I keep my gaze on the flowers that I know are still in the way
when what my eyes see is pain and loneliness?
No, no, I refuse to be this unhappy forever.
I want to live in the world of promises that my childhood showed me in fairy tale books! I want kings and queens who never get sick,
I want to live in a castle spared the disappointment of being just a human doomed to death!
Although I know that they are unattainable desires,
let me dream,
because that is what makes my crossing through these arid fields possible.....
Circo, por Maria C. (Brasil, 2021)
Pequenino, mascarado, espalhafatoso,
rebolando qual enlouquecido bailarino,
ele é vendaval adentrando o picadeiro.
A multidão aplaude, grita, gargalha...
- Viva o palhaço, gritam da arquibancada.
Compenetrado, ele imita os animais:
ora é touro brabo, o toureiro enfrentando;
ora é gato tristonho conclamando
as gatas todas espalhadas no telhado.
Depois, é cão amigo, latindo a seu dono.
Enfim, braços abertos, é pássaro voador.
Aplausos mil aprovam a performance.
Falsa cara de choro, despedia-se o palhaço,
quando interrompido pela voz infantil:
- Espere, meu palhaço, gosto de você,
volte, não tenho gato nem cachorro.
Você me convenceu, agora quero ter.
Ele agradece a todos tantos aplausos,
em especial, abraça e beija a menina.
Voltará logo a sua casa, sem crianças.
Ele é apenas um velhinho solitário.
O circo? Sua única alegria nesta vida.
Este segundo poema, lembra o papel do Circo também enquanto entidade que apoia os animais e merece ser apoiada em tempos de pandemia.
Até breve,
Rui