Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)
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De facto, com a pandemia a natureza conseguiu respirar em Lisboa e uma eventual prova dessa realidade, é o facto de os animais eventualmente procriarem mais esta Primavera. Vejam-se os patos pequenos e os seus pais, logo nesta primeira fotografia!
Já podemos notar algumas pessoas no local e alguma descontração.
Hoje, fica aqui uma música (muito) calma: "Madrigal"
A Mata da Margaraça é uma floresta cheia de encantos únicos, numa terra de gelo no inverno e calor tórrido no verão, com bruscas variações de temperatura. Ramos que mais parecem braços que se estendem para os céus, folhas que mais parecem mãos que nos querem acolher junto dos seus abraços, flores, que mais parecem testemunhas de tempos sem tempo. Caminhos que mais parecem estradas de esperança e encantamento. Encostas abruptas como alguns momentos da vida. Recortes de força que são imposições da natureza, cheia de amor e dor.
Em 2017, metade desta Floresta de encantamento ardeu e hoje continua ainda a recompor-se daqueles dias de terror. Entre os novos ramos de castanheiros surgem os secos e queimados, teimosos por desaparecer, como se o frio de inverno os quisesse fazer permanecer. Tudo isto sem que entendamos verdadeiramente quanto tempo será necessário para que se recupere ou tenhamos sequer a garantia de que um dia será assim.
É preciso, é urgente, é imperioso, fazer algo para salvar os castanheiros da Mata da Margaraça pois estão, parte deles, empestados com uma praga de inseto que chegou a Itália em 2002 em porta enxertos vindos da China, os quais foram também importados por Portugal. Não houve um controlo adequado desse produto e uma nova espécie invasora foi introduzida no Continente Europeu, acidentalmente. Veja-se a fotografia que aqui vos partilho:
Passavam pelo ar aves repentinas O cheiro da terra era fundo e amargo, E ao longe as cavalgadas do mar largo Sacudiam na areia as suas crinas.
Era o céu azul, o campo verde, a terra escura. Era a carne das árvores elástica e dura, Eram as gotas de sangue da resina E as folhas em que a luz se descombina.
Eram os caminhos num ir lento, Eram as mãos profundas do vento Era o livre e luminoso chamamento Da asa dos espaços fugitiva.
Eram os pinheiros onde o céu poisa, Era o peso e era a cor de cada coisa, A sua quietude, secretamente viva, A sua exaltação afirmativa.
Era a verdade e a força do mar largo Cuja voz ,quando se quebra, sobe, Era o regresso sem fim e a claridade Das praias onde a direito o vento corre.