1 de Setembro 2019 – Parte 1 – A Amazónia em Chamas
Por estes dias os inúmeros fogos na Amazónia têm sido notícia e suscitaram inúmeras questões relacionadas com o ambiente, a gestão e também relacionadas com as pessoas que nela vivem e querem continuar a viver. Estamos perante um desafio que ultrapassa uma dimensão puramente biológica e ligada a conservação de um determinado ecossistema. Em certa medida, faz lembrar a proteção que em Portugal é dedicada aos sobreiros uma espécie protegida porque, é proibido cortar a árvore, em princípio, e isto pode ser visto como uma ingerência no direito de propriedade e gestão que um proprietário terá sobre um seu terreno. O interessante não é tanto esta vertente da realidade, pois percebe-se a proibição pela importância da árvore, mas sim a possibilidade que o proprietário tem de retirar rendimento desta árvore, através da cortiça. Olhando para a Amazónia podemos ver este desafio com os mesmos olhos e chegar à mesma conclusão: mesmo quem tem interesse económico na desflorestação/desmatação da Floresta Amazónica quando perceber que também pode subsistir, retirar sustento de uma Floresta totalmente conservada e viver com um nível de vida igual ou superior, vai querer essa mesma conservação. No que diz respeito à conservação da Floresta Amazónica, se o problema da sua destruição pode ser global, ainda que os potenciais principais prejudicados sejam os países em que ela existe, ou poderá deixar de existir, parece fazer sentido um apoio global para a sua conservação.
Apresentamos o poema vencedor da Antologia “Natureza 2018-2019”:
“Vida ao vento” por Bárbara Rocha de Brasil
Ao barulho do vento
olho à janela
no mesmo momento
em que uma folha cai
E a folha vai
voando ao vento
no mesmo momento
em que uma outra nasce
E o vento vai
e a folha vem
no mesmo momento
em que uma vida nova se tem
E a folha vai
voando ao vento
e as volúpias da vida
já vivida vão
E voltam e vão
voando ao vento
no mesmo momento
em que os versos se vão
E a vida é assim
como folhas ao vento
que a todo momento
se vão e em si vêm
E a vida é o vento
que a todo momento
leva um ser
para outro nascer
Até breve.