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Contos das Estrelas

Neste blog são apresentados conteúdos literários. Para qualquer assunto podem contactar o autor via ruiprcar@gmail.com. Aceitam-se contributos de outros autores, de 4 a 24 de cada mês, relativos ao tema Natureza ou Universo :-)

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Uma sugestão para 2024 e Capítulo IV

por talesforlove, em 09.01.24

Com o novo ano, com uns gramas a mais devido à Época do Natal, eventualmente será uma boa sugestão, fazer alguns percursos a pé, se possível, substituindo a habitual utilização do automóvel.
Será uma boa opção para a saúde e para evitar emissões de dióxido de carbono.

Hoje, publica-se o 4º Capítulo de conto que tem vindo a ser aqui publicado por capítulos.

 

Capítulo IV

 

A estrada longa, tão longa quanto o infinito estelar, feito de estrelas que brilham como numa noite de verão, como numa noite de outono, como no inverno que dá lugar à primavera, fruto de flores e botões de rosa e cheiros e perfumes e craveiros, e outras flores com brácteas misteriosas com a força da persistência da natureza sempre naquele espaço, como o calor longínquo mas tão próximo destas candeias de luz que nos hipnotizam e nos alegram nas noites, sejam elas de paz ou de não tranquilidade, sejam elas de maresia ou de artes de florestas e sons de corujas, asas de morcegos e o seu bater em voos encantados.

Lisboa ali era mais que isto tudo. As pessoas naquele passado não longínquo eram um conjunto de boas recordações, a carestia de preocupações, os sorrisos mais ou menos enormes, e os olhos de felicidade ainda ecoavam dentro de mim como um impulso de boa disposição… As montras ao anoitecer com aquelas luzes suaves, uma magia que me tocava num calor tão particular que não o sei descrever. Aquela montra de rendas do passado ainda ali, em vésperas de ser desmontada para se tornar mais um café, com esplanada igual às que conhecia, e aquela outra montra com as cores das tintas na montra e lá dentro, o longo balcão em madeira, as cores em cilindros lá atrás, todas alinhadas e prontas a serem coladas “à vontade do artista”. Aquela cor da madeira, entre o pinho e a faia, uma cor apurada pelo tempo e aquelas pessoas que atendiam com um saber que “transbordava” daqueles olhares se sincera empatia e depois aquele embrulho de papel reciclado tão genuíno como o mais antigo dos retratos, que até nem seria o mais antigo mas o mais velho que eu tinha alguma vez visto e me fazia imaginar ali mesmo como teria sido possível e feito e por quem e para quem e onde e em que circunstâncias e em que momento e com que estado de alma e com que esperança e com que confiança ou com que inconstância. Mas estava ali e eu à sua frente, mesmo pelo breve instante da minha passagem por ali, apressada até ao dia em que parei e depois entrei para ver mais e quando dei por tudo, tudo lá fora se movia exceto eu ali exteriormente imóvel.

Ainda andei novamente e a recordação pegou-me pela sua mão até aquela festa do tamanho de uma sala de estar e que foi enorme no seu espírito festivaleiro, e se calhar, festivaleiro não seria bem talvez mais acolhedora e diferente. Eu lembro-me tão bem daquele bolo que ao andar a saliva me inundou a boca e olhei de relance para o presente à minha volta e senti uma nostalgia gastronómica mesmo, mesmo, forte. Que ilusão aquela daquele tempo, daqueles instantes que naquele passado eram mesmo irrecuperáveis. A luz saída da sala para a rua, tal como um suave cheiro, e antes mesmo de se ver o bolo já se adivinhava a animação das pessoas. Aquela esperança que até poderá nunca se vir a concretizar, mas que nos faz ser alguém mais pleno… sabem o que quero dizer?!

E era de noite sim. A luz escapava pela janela numa noite de verão. Em redor a escuridão era esbatida pelas luzes brancas dos candeeiros públicos e o negro de toda a envolvente ainda era dominador, um pouco menos ao passar pelas janelas fechadas e pelos vidros que criavam uma pequena aparência de nevoeiro na sua superfície, mas era tudo assim muito calmo, e íamos até aquele pequeno ponto de luz que se mantinha fixo e pleno, cheio de “do” presente de estar vivo, mágico, e da sementeira de um amanhã melhor. Lá dentro, além do bolo, um ou outro artista e os curiosos que nada os entendiam, afinal eram seres tão autênticos, às vezes diferentes, e como dignos de um olhar curioso, místico, curioso, cândido.

Daqueles dias, quase noites, e destas noites quase completas, sobravam, durante as horas de sol, aqueles encontros com os cantos dos edifícios onde a luz era menor, um fascínio que dominava. A novidade de um café ao fim de semana que não era possível durante a semana, e um menor ruído por ali, entre olhares que confiavam num futuro sempre estável, com alguns obstáculos e um percurso sempre ao encontro da esperança que se iria tornar uma realidade. Sem dúvida. E era-a verdadeiramente logo ali concretizada naqueles momentos serenos.

A lente era a prova que faltava para ver a noite no dia e o que o dia escondia… separava os diferentes cumprimentos de onda e ali se encontrava a noite e o dia, dois irmãos de mãos dadas. Os reflexos eram separados do que estava à nossa frente. Espanto, espasmo, perante esta visão…

Espanto sim, mas nunca medo perante este pedaço de realidade, nunca pensávamos em vírus ou em outra dimensão ameaçadoramente escondida. Por aqueles dias a Rua do Conde Redondo, tão pouco turística era tão pouco solicitada como hoje, mas continha em si, tal como tantos outros locais, a paz da serenidade tida como inemutável, com a naturalidade de uma Terra que roda em torno do Sol, acompanhada por planetas ainda mais distantes, todos formando um só, sempre e sempre nas mesmas posições. Os anéis de gelo e pó de Saturno, para todo o sempre iguais a si próprios, refletindo a luz cósmica, tal como as pessoas, transparecendo a tranquilidade de uma paz assegurada, a tal ponto que se usasse o tempo como se fosse infinito.

Eu divagava. Nos pensamentos e nos caminhos, via o que o mundo me mostrava.

Esta divagação não era minha, era-me incutida pela envolvente, sempre plena de um nevoeiro mental, criado pelo coletivo, crente.

Olhei então para uma rua sem saída. Nela um pátio, umas janelas antigas, abandonadas. Uma luz ali vinda de não se sabe de onde. Silêncio. Movimento das folhas daquelas videiras empoleiradas nas estruturas de ferro oxidado. Chão gasto pelo vento, cimento a descoberto, áspero como uma lixa grossa. Os meus pés pararam sem que eu pudesse fazer algo mais. Era então o espetador de um quadro sem moldura.

Ninguém olhara para aquela imagem e tentara desenhar algo a partir dela, ali se forjavam sentimentos sem nexo, pois ali bem perto a rua estava cheia de gente que passava indiferente àquele local. Tudo ali era esquecimento, alguma poeira levantada pelo vento, e luminosidade, que com o ondular das folhas ia mudando as cores do chão, das madeiras das janelas, dos vidros partidos, como se ali fosse um mar interior, ou um lago, com cores esmeralda, misturadas com cores cinza e azul-claro. Ninguém queria saber.

Atrevi-me a fechar os olhos. Ouvi atrás de mim, estranhamente longe, os passos de quem passava, sempre ao mesmo ritmo, a mesma harmonia. Ali à minha volta o toque seco ou verde e esbatido das folhas, mortas ou vivas, o embater do vento nas paredes. Uma voz, longa que não percebia o que dizia nem sequer se me queria dizer algo. Abri os olhos e não me sentia só, era bem-vindo ali, sentia-o, a paisagem era a mesma, entre paredes, o mesmo verde tímido, o mesmo ondular tranquilo.

Eu estava diferente, mas voltei as costas, levando comigo aquele vislumbre de um local diferente.

Regressara à multidão que me dizia para onde deveria ir e ver o que realmente valeria a pena ver. O meu ritmo era comum, seguia em frente. E apenas algum tempo depois voltaria a encontrar outro local como aquele primeiro, cuja localização não desejo partilhar.

Novamente uma entrada numa rua, esta com menor movimento, só que após a entrada ninguém, apenas o meu ser e a luz que agora atravessava por umas janelas, de tal forma que todo o local ficava iluminado de forma natural. A paz impunha-se, não lhe havia alternativa. Um silêncio de pedra, um repouso que resultava da quase total ausência de som, que apenas com esforço era identificado. Era outro local esquecido embora tão belo como o primeiro, e mesmo após eu fechar os olhos, nem uma voz nem um ondular sonoro; nada.

Era engraçado… mesmo divertido, como numa cidade turística alguns locais tão fantásticos eram totalmente ignorados. Saí dali com um sorriso nos lábios. Aquelas pinturas nas paredes e aquelas pedras de cores misturadas, davam naturalidade àquele espaço artificial e pensado para fazer sentir o que eu sentia, aquele impacto de se ser parte de um todo tão maior e tão incógnito. Confiar.

Sem que me apercebesse encontrava um guia turístico dentro de mim que era apenas composto com os locais que me apelavam. Locais que podiam ou não coincidir com os dos turistas “a sério”.

Mais algum tempo e outro local e novamente aquele sentir de uma voz. Desta feita sem som. Era a temperatura do local, e as suas oscilações, que me faziam sentir algo. Uma mensagem. Algo que não consegui nunca traduzir na sua plenitude. Ainda assim, uma mensagem não entendida continua a ser uma transmissão de significados… ainda que sem pleno sucesso.

Um exemplo concreto que me controlou até ao meu profundo ser foi o do jardim do museu de história natural, e ele próprio.

As palmeiras e outras plantas exóticas, vindas de vários continentes e regiões e que ali encontraram paz e silêncio, e logo ali ao lado a confusão da cidade, tudo conseguiam impor aos meus sentidos. Aquele exotismo despertara uma surpresa que a cada metro se amplificava. Não sabia o que dizer, não tinha como me exprimir, as folhas gigantes a serem abanadas pelos ventos sempre em movimento, e o seu verde tão escuro, faziam-me imaginar um arqueoptérix escondido algures. Mas não nada nem ninguém por ali me assustaria. Essa ave ou réptil não andava por ali. Ali mesmo apenas a ausência de som, apenas interrompido pelo roçar daquelas plantas em altitudes que me dificultavam a tentação de ver os detalhes daqueles seres de clorofila.

Ainda outras árvores dispersas entre si com espaços não naturais, mas com ramos e copas livres para crescer até onde e em que direção desejarem, e as folhas a balouçarem por ali empurradas pelos ares em movimento, às vezes com sombras refletidas no chão, outras tantas, nos troncos.

Claro, o jardim foi operado desde o século XVI para o estudo da botânica e ser a casa de plantas raras de todo o mundo e é isso que lhe traz ainda mistério. Ao fundo, é possível ver algumas janelas do museu de história natural e pelos seus vidros escuros imaginar os laboratórios antigos… ao centro um espaço sem teto, que é possível ser visto a partir de um 1º piso em forma de varanda interior.

Mesmo ao lado, as janelas do edifício do museu; tão escuras tão tais quais buracos negros ali colocados para me espreitar e levar para dentro. Lá, após a escuridão, após as luzes rarefeitas pelos impactos nas paredes: a baleia gigante, tão grande como na realidade, tão enorme como os sonhos que todos nós temos um dia qualquer, nem que seja de plena felicidade. O corpo azul, artificial, pendurado no teto e visível de todos os pontos de vista, fazia-me sentir no oceano. Apenas aquele ser e eu. A sala toda vazia e preenchida pela minha respiração e aquele olhar omnipresente. Os meus ouvidos já ouviam as ondas do mar, sem que as ouvissem realmente.

Segui, pelo corredor, a ouvir oceano interior. Descobri novas salas. Vultos. Músicas feitas de ruídos ocasionais. Encontrei novos espaços.

Por ali, os tons sempre muito pardos e a fazer parecer uma parede como continuação do chão e após eles um teto bem alto… Tudo muito estranho. Instrumentos que já não se usam. Pequenos seres em formol.

Sem dúvida, por ali, podemos sentir que somos de novo crianças, confrontados com a primeira vez que sentimos curiosidade, um pouco antes de sentir medo por não conhecermos o que está no escuro e um pouco depois da brincadeira, e da primeira dentada num bolo de chocolate doce e meio parecido com uma tarte de maçã.

Depois, pedras todas elas preciosas para quem as vê, a brilhar em redomas de vidro. Silêncio. Luz. Vultos. Trumalinas verdes. Ágata verde. Imaginação… saudades… crepitação. Os nossos próprios vultos e os sons apenas dos nossos passos. Nossos… porque ali logo ao lado passaram duas mulheres alegres, vindas de lá ao fundo, meio acompanhadas pela luz que ali inundava o espaço, as suas vozes abafadas por aquele contexto como se pressão atmosférica invadisse aquele lugar. Sorrisos suaves. Esperança nas suas faces. Delicadeza. Imposição da sua presença. E vou, quase sem saber, até à sala do veado, olho para uma pintura ali pendurada e viajo novamente até lá fora, ao jardim…

Ali as árvores belas, por vezes tão distantes das irmãs que não sei se são capazes de comunicar através das suas raízes. E onde não há comunicação não há emoção. Sentir só mesmo através do vento, alguma hormona levada pelos ares, uma cumplicidade físico-química, uma magia encoberta pelos detalhes que o tempo não pôde lapidar, ou seja, uma ação que nós, pessoas “normais”, jamais conseguimos interpretar e acreditar que existem. Afinal este é o profundo revisitar dos nossos primeiros dias, iluminados pela nossa curiosidade inata. O brilho indomável de uma criança deslumbrada.

Um pouco mais adiante, quase na saída do jardim, as estufas com fábricas de pinturas no seu interior e vasos… um olhar dormente, espantado, com aquela diversidade. Mesas, cadeiras, folhas de papel, lápis, pincéis, regadores, flores, folhas vivas, olhares em paz e absorvidos pelo que ali faziam. Pessoas a sorrir. Sem pressas.

Do lado de fora, tábuas sobre as águas de outono, ou as regas da primavera tardia. Terra húmida. Cheiro a campo, não a cidade, mas o fumo vinha de longe e ali emprestava um toque metálico, pelo que tudo se perfumava. O verão em certas fases do ano adivinhava-se e a nostalgia da primavera e da sua agitação, continha alguma satisfação com a sua chegada… O rubor das frutas surgia ali saído das malas dos jovens pintores e pintoras. A partilha de experiências sobrepunha-se a alguma dificuldade do praticar das linhas exatas ou livres.

E ainda noutro dia, de novo na Praça da Alegria, aquelas árvores torcidas e antigas, o espaço a apelar a pedaços de imaginação incandescente, e a envolvente dos prédios vizinhos, por vezes, demasiado escurecidos, tensos, rugosos, lúgubres. Todavia, naquele centro de paz luminosa, a fazer recordar as tendas brancas de tendas de Verão, os seus tecidos crepitantes, onde surgem trabalhos de artistas, curativos… e alguns dias acompanhados por música, com ritmo animado e ainda sempre aqueles vislumbres, quase não percebidos de um qualquer passado “apenas” diferente. Sendo que me ia dali em passos serenos, afinal tudo estava explicado e conhecido; a verdade plenamente à minha frente. Até que algures no tempo, chegou a mim a informação que em outros tempos esta praça tinha outro nome: Praça do Suplício… O passado de execuções havia sido reconvertido, vencido pela claridade da manhã. E foi entre estes pensamentos tortuosos, este torpor assustado que eu continuei a minha “marcha”, acordei deste sonhar acordado, e vi que estava só, rodeado de silêncio, sai dali sim, mas já neste “nosso” dia tão inesperado e de tão inesperada capacidade para me afastar destes pensamentos desassossegados. Entre os prédios passava, adiante, a luz do sol, e eu vi o seu reflexo num espelho frontal de um automóvel, parte desse brilho veio na minha direção, difuso, tal qual o meu sentir. Olhos semifechados. A minha respiração gradualmente retornava à sua original suavidade, à medida que aquele ar sem fumo e sem liberdade na saúde se embrenhava nos meus pulmões. Expirei finalmente… a paz tomou conta de mim. Prossegui. Além o futuro.

Apercebia-me, lentamente que os pensamentos não coincidiam na localização com onde me encontrava. Esta dissociação, esta dessincronização, não me permitia sentir-me plenamente acordado.

Tal como quando um dia vi, contemplei, quase em adoração, aquela imagem maior de uma ave extinta, dominadora ao cimo da escadaria da entrada do Museu de História Natural de Lisboa, do lado da Rua da Escola Politécnica. Do mesmo lado do Príncipe Real. Do mesmo lado daquela Igreja que olha para nós ao passarmos apressados e inconscientes. Do mesmo lado do passo ali feito algo tão real como o vapor a sair dos meus pulmões, dissipando-se em vago calor à minha frente, sem que eu o veja e apenas um pouco mais que nada o sinta.

Verde. Das árvores e arbustos e lagos sem água, mas atulhados de visitantes que por ali ficam, sentados e assentir a vida a esvair-se entre as pessoas, entre os seus sonhos e dificuldades até que percorram o seu caminho. Olho para alguém que se cruza comigo, quando a partir do cimo da escadaria olho para a rua… os nossos olhares cruzam-se e eu leio nesses espelhos um sentir tão igual ao meu ainda que num contexto diferente.

Como eu queria partilhar a maravilha que sentia ao ver aquelas penas, ou pelos castanhos, daquela ave gigante… aquela dimensão tão maior tão mais importante. Testemunha de outros tempos e outras latitudes, longitudes; histórias fantásticas que nunca viverei, por ali naqueles continentes, ilhas tão diferentes, mais perto do “fim do mundo”, mais perto daquela Oceânia de esperanças onde cangurus e lobos da Sibéria conviviam aos saltos :-| Não temo ir até lá. Temo apenas não os encontrar por lá… estes irmãos de vida. Irmãos, filhos desta mesma terra, redonda e gigante e viajante do espaço, onde, por ser redonda, como uma bola nas mãos de uma criança, todo o início do mundo é também um final do mundo. Tudo e nada são possíveis.

Dentro de mim ficou aquele instante, voei com aquela ave, e por ali fiquei a regressar ao presente, ainda um pouco dormente. Não havia ninguém naquela rua. Apenas eu sonhava por ali.

 

Até breve.

1 de Julho 2018

por talesforlove, em 01.07.18

Julho começa com chuva e alguns raios de sol. Junho foi o mês do 1º aniversário da tragédia de Pedrógão, das Festas dos Santos Populares, do final da Feira do Livro 2018 e de tantas outras situações que vão além da capacidade deste blog para transmitir.

Neste blog, Julho começa também com poesia, com balanço ecológico, com divulgação de livros de qualidade, com belas fotos, em resumo: também com o impacto de um Verão tímido.

 

Um ano após os fogos que vitimaram tantas pessoas e abalaram tantas vidas, faz sentido olhar para a floresta hoje. Parte dela, da que ardeu e que hoje se veste novamente de verde… Muitas vezes do verde do eucalyptus globulus mas também de outras plantas que tentam colorir de verde a paisagem.

 

heucaliptos1.jpg

 

  

A par dos fogos florestais, outra tragédia de várias zonas do interior do país é a vespa asiática, a destruir a abelha de mel. Todavia, com uma armadilha simples (mel, açúcar até obter alguma espuma, água morna, 1 colher de sopa de vinagre por cada litro de água) é possível vencer esta batalha. Veja-se a fotografia que se segue e que não deixa margem para dúvidas.

 

vespaasiatica.jpg

 

 

 

Felizmente, este blog pretende ser uma luz no firmamento, no sentido positivo e “coletivo”, dai que é tempo de voltar-mos à poesia positiva. Fica o convite a ler a poesia de Juanita E., primeiro em Inglês e depois a sua tradução. Que sejamos iluminados por estas palavras… com a sua mensagem simples, forte e cativante.

 

LIGHTING UP THE WORLD, by Juanita E. (EUA)

 

THE INFUSION OF LIGHT BEAMS

CAN BE FOUND ALL OVER THE WORLD.

THESE BEAMS CARRY WITH THEM

THE SEEDS OF KINDNESS, TOLERANCE

AND LOVE.

THEY LIGHT UP A CONFUSED AND

DARKENED WORLD.

WHEN THOSE BEAMS OF LIGHT CAUSE

OUR PLANET TO BECOME THAT SHINING STAR

IN OUR UNIVERSE,

THERE WILL BE PEACE, LOVE AND JOY AMONG

ALL PEOPLE.

 

 

 

ILUMINANDO O MUNDO, por Juanita E.


A INFUSÃO DOS FEIXES DE LUZ
PODE SER ENCONTRADA EM TODO O MUNDO.
ESTES RAIOS DE SOL CARREGAM COM ELES
AS SEMENTES DA BONDADE, TOLERÂNCIA
E AMOR.
ELES ILUMINAM UM MUNDO CONFUSO E
ESCURO.
E QUANDO ESSES FEIXES DE LUZ TORNAREM
O NOSSO PLANETA UMA ESTRELA BRILHANTE
NO NOSSO UNIVERSO,
HAVERÁ PAZ, AMOR E ALEGRIA PARA
TODAS AS PESSOAS.

 

 

Foi Junho o mês de saltar a fogueira,

De cantar ao luar, e dos Santos,

Mostrar aqui as festas da cidade brejeira,

A preencher todos os nossos cantos.

 

Fica assim aqui também o convite a verem estas fotos de Lisboa em festa, como se este convite fosse também um verso de manjerico vendido numa banca da cidade. Não é dos melhores mas rima e alegra 😊 Que saudade de Junho e também do cheiro a Tília e doce das flores, entre os livros da Feira do Livro de Lisboa de 2018…

 

festa1.jpg

  

O cair do pano na Feira do Livro de Lisboa de 2018, a deixar uma promessa de regresso e a deixar a certeza que mais do que ler é preciso fazer.

 

finaldafeiradolivro2018.jpg

   

E ainda neste caminho dos livros em Lisboa, fica aqui exposto o livro “O Último Ultramarino” por Xavier Figueiredo, que aqui divulgamos a convite da Editora ULISSEIA – BABEL.

 

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INFORMAÇÃO PARA A IMPRENSA

O ÚLTIMO ULTRAMARINO – na saga da descolonização de Angola

 

 

Em 2018, quarenta e cinco anos depois de iniciado o processo de descolonização dos antigos territórios que Portugal detinha em África (que muitos afirmam ter tido início em Setembro de 1973, quando o PAIGC declarou unilateralmente a independência da Guiné-Bissau), o tema da presença portuguesa em África e o processo de descolonização continuam a ser assuntos quase tabu.

 

capa.jpg

 

No seu mais recente livro, O Último Ultramarino – na Saga da descolonização de Angola, o jornalista Xavier de Figueiredo pega neste tema para nos falar sobre uma das mais trágicas consequências da descolonização de Angola: a debandada de cerca de 500.000 pessoas, em estado de sofrimento e de perda, a que se seguiu o seu lento desaparecimento como últimos abencerragens um corpus, o dos ultramarinos, que ao longo de 600 anos marcou a História de Portugal.

Inserido no género “faction”, o livro mistura factos com ficção. A ficção cinge-se às personagens, às quais foi preciso dar nome, vida, pensamento e memória. Reais são os factos que foram por essas personagens vividos e presenciados ou que chegaram ao seu conhecimento.

 

XAVIER DE FIGUEIREDO  nasceu em 1947, na cidade do Huambo, Angola – à data chamada Nova Lisboa. A sua longa carreira de jornalista foi iniciada em 1971, ao serviço do jornal  A Província de Angola, principal diário de Luanda. Em Maio de 1975, recém radicado em Portugal, ingressou no Jornal Novo – publicação de que fora correspondente em Luanda, nos meses imediatamente anteriores. O ano de 1977 foi o primeiro de outros nove passados ao serviço da antiga ANOP, cinco dos quais como delegado da Agência em Bissau e em Maputo, sucessivamente. Foi mentor, fundador e director da primeira publicação de temática africana lançada em Portugal (Agosto de 1984), o quinzenário África Jornal. Em 1985, fundou a primeira de diversas newsletters de assuntos africanos, o África Confidencial. Seguiram-se, por ordem cronológica, África Focus, África Intelligence e, em 2005, África Monitor. Tem colaboração dispersa por vários jornais e revistas, em Portugal e em países africanos. Foi comentador de assuntos africanos de duas estações de televisão em Portugal. É autor de dois livros de História, Crónica da Fundação do Huambo/Nova Lisboa e Ceuta, primeira conquista de Portugal Além-Mar.

 

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De regresso ao verde, a música de Nicola Benedetti - The Lark Ascending, para podermos ver o verde das ervas e o azul revolto do mar, sempre ao lado das falésias.

 

O mar e o Verão convidam, por um lado, a uma viagem até à praia, para saborear o calor e ver aquela natureza feita de água, mas, por outro lado, também nos devem levar a beber mais água a bem da nossa saúde. Por estes motivos alertamos para os cuidados a ter quando vamos a banhos, pois é bom não esquecer que o perigo de afogamento é sempre uma realidade, e para a necessidade de ter em atenção que beber água de qualidade, ou seja, limpa e com as características químicas adequadas, é importante, é fundamental. Existem diversos estudos sobre as reações do nosso organismo quando exposto a águas contaminadas por compostos químicos prejudiciais, para que se possa resolver essa situação com o mínimo de efeitos nefastos para a nossa saúde. Existe também um conjunto de estudos sobre modelos toxico-cinéticos relativos a interações fisiológicas, ou seja, interações com o nosso organismo. De tal forma é óbvia a importância desta questão da contaminação das águas que podemos beber, que existem também estudos epidemiológicos para avaliar a propagação dos contaminantes aquíferos em determinada população, como se de uma doença se tratasse. O objetivo é também o de identificar a origem geográfica e química da contaminação.

 

Com a poluição a ameaçar o nosso bem estar, por exemplo, com os plásticos no mar e com a diluição de alguns compostos químicos perigosos, a verdade é que o melhor é colocar os olhos num futuro melhor, sem estes “produtos” a nadar ao nosso lado à beira mar e a tomar banhos de sol, ao lado das nossas toalhas…

Nunca nos devemos esquecer de recolher o nosso lixo quando vamos à praia, esse gesto de higiene é também muito útil para a natureza. Fica ainda a sugestão de evitar o automóvel durante um Domingo, ou seja, tentar fazer o nosso passeio de Verão nesse dia, ou nosso dia de folga, de tal forma a não poluir a atmosfera. Além de um belo exercício físico, poderá ser uma forma de redescobrir até onde podemos ir a pé e conhecer melhor certos locais, encantadores, bem perto de nós.

 

mangericos.jpg

 

Bons sonhos e boas leituras.

Até breve.

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